À primeira vista, a pequena cidade peruana de Ica, situada no deserto de Nazca, cerca de 5 horas de ônibus de Lima, não tem nada de extraordinário a oferecer. Mas depois de uma passada no Museu Cabrera, um museu que abriga pedras entalhadas de Ica, um mundo bem diferente emerge.
Mais de 10.000 pedras de tamanhos variados preenchem o museu. Todas elas têm uma superfície lisa preta na qual figuras foram entalhadas. Levantando-as, você poderá descobrir que são muito mais pesadas do que as pedras comuns de tamanho similar.
O Dr. Javier Cabrera Darquea, que coleta e estuda as pedras há 37 anos, pegou uma pequena pedra como um presente para seu aniversário. Surpreendido pelo seu peso e design, ele começou a recolher e estudar as pedras.
Eugenia C. Cabrera, diretora do museu e filha do Dr. Cabrera, disse que seu pai realizou uma análise sobre as pedras e descobriu que elas são um tipo comum de rocha chamada andesita, revestidas por uma camada especial na superfície, o que as tornam pretas e lisas e, provavelmente, acrescentou-lhes o peso extra.
Ele especula que a camada externa tenha sido maleável originalmente, facilitando o desenho das figuras, o que se tornou difícil com o gradual enrijecimento. Até hoje o revestimento ainda está nas pedras, o que nos permite ver as figuras.
Mensagens na pedras
Sobre as pedras estão desenhos de figuras humanas, plantas, animais e símbolos abstratos. Os seres humanos estão usando chapéus, roupas e sapatos. Algumas pedras mostram cenas semelhantes às atuais transfusões de sangue, transplantes de órgãos, e do nascimento através de cesariana. Várias pedras mostram pessoas com um telescópio observando as constelações, planetas e cometas.
Os animais se assemelham a vacas, veados e girafas, entre outros. Alguns também se assemelham a trilobites, peixes extintos e outros animais com os quais não estamos familiarizados. Surpreendentemente, várias pedras mostram seres humanos tentando montar, matar ou sendo comidos por dinossauros.
O Dr. Dennis Swift, que estudou arqueologia na Universidade do Novo México, documentou em seu livro “Segredos das Pedras de Ica e Linhas de Nazca” evidências de que as pedras datam de tempos pré-colombianos.
Com base no conteúdo dos desenhos, alguns acreditam que as pedras são de 65 milhões de anos atrás, antes de os dinossauros serem extintos, e que havia pessoas naquela época, responsáveis pela produção das pedras.
Esta ideia não é amplamente aceita, e muitos acreditam que as pedras são falsificações feitas por pessoas modernas. Em um artigo, Swift mencionou que uma das razões pelas quais as pedras são consideradas falsificações é porque na década de 1960, os paleontólogos pensaram que os dinossauros se moviam arrastando a cauda, no entanto, as pedras representam os dinossauros sem deixar suas caudas arrastarem.
Devido aos desenhos dos dinossauros serem considerados imprecisos, os cientistas pensavam ser impossível que as pedras tivessem sido produzidas por pessoas de 65 milhões de anos atrás. No entanto, foi descoberto mais tarde que os dinossauros realmente andavam sem que suas caudas tocassem o chão. “Agora nós sabemos que os paleontólogos estavam errados. As pedras de Ica estavam certas”, escreveu Swift.
Não tão simples como os desenhos
O Dr. Cabrera entendeu que as pedras de Ica são como uma biblioteca, com cada pedra sendo um livro ou uma página de um livro que documenta o passado. As coisas importantes foram desenhadas em pedras grandes, e as questões menos importantes desenhadas em pedras menores.
A Sra. Cabrera acrescenta à compreensão de seu pai: “Elas [as pessoas que fizeram as pedras] não estavam apenas transmitindo desenhos simples de certos momentos, mas sim, um tipo de linguagem baseada nos desenhos.”
Por meio de sua pesquisa, o Dr. Cabrera passou a acreditar que as folhas significavam vidas, e que conjuntos de folhas significavam civilizações. Quanto aos cocares que as pessoas estão usando nos desenhos, o Dr. Cabrera pensou que simbolizavam a inteligência, e por isso os sábios foram desenhados com cocares.
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