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segunda-feira, 13 de abril de 2015

>>> A Tábua de Narmer


De uns 60 cm de altura, encontrada em um Templo de Nekhen, data do ano 3100 a.C. É considerada um dos primeiros exemplos de escritura hieroglífica egípcia. A Antropologia Oficial considera que esta Tábua faz referência às lutas do Rei Narmer, no Sul, para conquistar o Norte, para unir ambas as partes do país sob o seu governo.
Mas esta cena de aparente luta ou guerra (inclusive em outras culturas aparecem sistematicamente sempre os mesmos elementos básicos: um rei ou um guerreiro que está agarrando pelos cabelos um ou três personagens em atitude de decapitá-los), unida aos outros elementos simbólicos que a compõem, fala de princípios eternos presentes em muitas tradições alquimistas. Assim temos:
Os símbolos do choco ou “nar” e o cinzel ou “mer”, por se encontrarem entre dois bois, as forças de Ob e de Od, vêm a constituir o Mercúrio (Água) e o Enxofre (Fogo), elementos fundamentais da Grande Obra.
A purificação alquimista, representada pela figura central, que sustentando com uma mão o homem ajoelhado diante dele, dispondo-se a eliminá-lo com o símbolo da força fálica ou bastão que esgrime em sua mão direita, aprofunda ainda mais no significado inicial do cinzel e do choco. Como resultado desses processos de purificação e sublimação alquímica aparece, sobre o homem ajoelhado, uma figura que leva sobre as suas costas seis flores de lótus, sendo sua cabeça, somada aos seis lótus, a representação dos sete corpos do homem autêntico ou, pelo menos, os sete Graus de Poder do Fogo.
Mais acima, sobre esta última figura, aparece uma antiga imagem de Hórus, que representa o Ser, o Íntimo, que brinda o seu apoio ao Iniciado egípcio.
Às costas do Iniciado, um homenzinho segura umas tábuas como representação do duplo poder fálico ou da dupla lança das runas, nas quais leva as contas do trabalho realizado, como confirmam a flor (virtudes) sobre a sua cabeça e o coração (assento do superior ou inferior) que leva na outra mão.
O homem cativo e a ponto de perecer, conjuntamente com os dois que fogem apavorados na parte inferior da tábua, são a representação dos agregados psíquicos ou Eus, que o Iniciado tem que eliminar (os mais visíveis e os mais ocultos). Mas aprofundando um pouco mais, poderíamos agregar que representam também a expressão desses Demônios Vermelhos de Seth que se localizam na substância astral, mental ou causal, convertendo-se assim nos conhecidos demônios que menciona o “Livro dos Mortos”: o demônio do desejo (APOPI), o demônio da mente (HAI) e o demônio da má-vontade (NEBT), que guardam concomitante relação com as três fúrias clássicas ou os três traidores, a quem todos os Mestres que estiverem no mundo tiveram que enfrentar e eliminar.
Continuando com a análise da Tábua de Narmer à luz da Antropologia Gnóstica, passaremos agora a desvelar os mistérios contidos na parte posterior da mencionada peça.
Na parte inferior vemos o iniciado e a roda dentada, que não é outra coisa que a Roda do Samsara, símbolo dos ciclos de evolução e involução. Indica também o tempo de cozimento da Matéria Prima no Athanor ou forno da alquimia, cujo símbolo se vê no centro.
O touro que pisoteia o Iniciado é a Besta Bramadora, o Ego, contra o qual deve lutar para sair vitorioso, para que possa ir cumprindo, passo a passo, com o simbolismo da parte do meio da Tábua.
Na parte do meio, vemos dois leões cujos pescoços se alongam e entrelaçam formando o místico e sagrado símbolo do Caduceu de Mercúrio. Mas isto não se realiza por acaso ou por simples mecânica evolutiva, mas sim que, como bem indicam os dois condutores dos Dois Mercúrios (macho e fêmea, vermelho e branco, lua e sol, as forças de Od e Ob), estas forças devem ser sabiamente conduzidas, manejadas, dominadas, para que possam elevar-se de baixo para cima e para dentro, para os nossos mais profundos recônditos, para o Ser. Na secção superior direita vemos dez decapitados significando que os Dez Sephirotes da Kabala, isto é, as dez partes superiores e autoconscientes do Ser foram aperfeiçoadas, além disso, estes dez decapitados somados às duas aves e à barca (as Três Forças Primárias, Pai, Filho e Espírito Santo) que se encontram sobre eles, nos dão o número 13, que representa a Ressurreição. “Se a semente não morre, a planta não nasce”, diz o adágio místico, assim que, sem “Morte”, sem “Decapitação”, não há “Ressurreição”.
Por outro lado, esse mesmo número 13 nos recorda os 13 Aeons do Pleroma Gnóstico, os Doze Trabalhos de Hércules e a culminação, as Doze Horas de Apolônio e a Hora 13ª, o Zodíaco e o Sol. Em seguida, à esquerda dos decapitados, vemos quatro porta-estandartes e cada um dos estandartes com um símbolo zoomorfo particular. Estes são os quatro corpos superiores existenciais do Ser. Da direita para a esquerda temos um abutre sobre uma cabeça e pele de crocodilo: o corpo causal; um falcão sobre cabeça e pele de crocodilo: o corpo mental; uma esfinge sobre uma cobra: o astral e finalmente um macaco cinocéfalo: o físico.
Na seqüência, vemos um homenzinho que toca o ombro direito e em cima dele as letras egípcias “T” e “TH”, a cruz e o hálito divino. No lado anterior, o Iniciado portava a mitra do Alto Egito. Neste lado, porta a do Baixo Egito, além do cetro e do flagelo, símbolos do poder, da majestade, do domínio, da força, da maestria. Na frente dele, o choco e o cinzel unidos (os contrários reconciliados). Atrás, o homenzinho que, como já dissemos, confirma o trabalho realizado. A Estrela d’Alva, Vênus, o acompanha e também um compasso, para indicar que já tomou a medida e que conseguiu a “quadratura do círculo”.
“Sou o Deus do Fogo surgido do Fogo Divino. Assim como a cabeça de Osíris não lhe foi tirada, também a minha cabeça, depois das matanças, será restituída... Sendo outra vez jovem, renovando-me, mantenho íntegro meu Ser múltiplo, pois sou Osíris, Senhor da Eternidade”.

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