Translate

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Halo de gás em torno da galáxia de Andrômeda é muito maior do que se pensava


Observações feitas com o telescópio espacial Hubble mostram que o halo de gás em torno da galáxia de Andrômeda, a maior vizinha de nossa Via Láctea, é muito maior e mais maciço do que se pensava. Segundo os astrônomos, a bolha escura e difusa de material relativamente quente, mas quase invisível, se estende por cerca de 1 milhão de anos-luz em torno de Andrômeda, a maior caminho de chegar na nossa galáxia, com uma massa total estimada em metade de todas as estrelas da própria Andrômeda. A descoberta representa mais uma pista sobre a evolução e estrutura das majestosas galáxias espirais gigantes como Andrômeda e Via Láctea, um dos tipos mais comuns vistos no Universo.

- Os halos são como as atmosferas gasosas das galáxias – explica Nicolas Lehner, pesquisador da Universidade de Notre Dame, nos EUA, e líder da equipe de cientistas responsável pela descoberta, a ser publicada na próxima edição de periódico científico “Astrophysical Journal”. - De acordo com os atuais modelos sobre a formação das galáxias, as propriedades destes halos gasosos controlam a taxa de criação de estrelas nelas.

Segundo os astrônomos, se pudesse ser visto a olho nu, o halo em torno de Andrômeda, também designada como M31, se estenderia por uma área equivalente a cem vezes o diâmetro da Lua cheia no céu, enquanto a própria galáxia ocuparia um espaço de apenas seis vezes o diâmetro da Lua cheia. Mas como Andrômeda está a 2,5 milhões de anos-luz da Via Láctea, a galáxia parece apenas como uma tênue faixa mesmo com o auxílio de pequenos telescópios.

Como o halo de Andrômeda é muito escuro, para estudá-lo os astrônomos tiveram que usar objetos brilhantes, mas muito mais distantes, que parecem ao fundo da galáxia do ponto de vista da Terra. Assim, eles observaram o que acontecia com a radiação emitida por 18 quasares, os núcleos ativos de galáxias longínquas alimentados por gigantescos buracos negros, quando ela passava pelas proximidades de Andrômeda antes de chegar até nós, tirando vantagem principalmente da capacidade de instrumentos no Hubble de enxergar na faixa ultravioleta do espectro eletromagnético.

- À medida que a luz de cada um dos quasares viaja em direção ao Hubble, o gás do absorve parte dela e faz os quasares parecerem um pouco mais escuros em uma faixa de comprimentos de onda muito pequena – explica J. Christopher Howk, também da Universidade de Notre Dame e integrante da equipe. - Ao medir esta queda no brilho nesta faixa, podemos dizer o quanto de gás há no halo entre nós e cada quasar.

Segundo os astrônomos, simulações em grande escala de galáxias sugerem que o halo de Andrômeda se formou junto com o resto dela. As observações também permitiram aos cientistas determinar que o halo de nossa vizinha foi enriquecido com elementos mais pesados que hidrogênio e hélio, e a única forma disso ter acontecido é por meio de gigantescas explosões estelares conhecidas como supernovas. Ao explodir no disco galáctico de Andrômeda, estas supernovas teriam lançado os elementos mais pesados em grande velocidade pelo espaço, e durante todo tempo de existência da galáxia, mais de 10 bilhões de anos, aproximadamente metade destes elementos produzidos por supernovas nela poderia ter se espalhado para além de seu disco galáctico de cerca de 200 mil anos-luz de diâmetro.

Como estamos dentro da Via Láctea, os cientistas não sabem se nossa galáxia tem um halo equivalente ao de Andrômeda. Mas se ele for tão grande quanto o de nossa vizinha, é possível que ambos halos já estejam começando a interagir, numa preliminar da fusão de Andrômeda e Via Láctea que deverá resultar em uma galáxia gigante elíptica daqui a 4 bilhões de anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário