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sexta-feira, 22 de maio de 2015

O Homem e o Cosmos


Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha vossa vã filosofia.” -Shakespeare
O Som é a matéria prima do Universo, já dizia o Evangelho de São João: “No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele. Nele estava a vida, e a Vida era a Luz dos homens”. “…e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”, portanto a Essência Divina pelo Verbo, manifestou-se na face da Terra.
“Deuses fomos e nos esquecemos disso”. Assim falou o iniciado cristão Santo Agostinho, apontando que a trajetória humana flui da inconsciência beatífica dos primeiros dias da Criação para a consciência deífica do “Sede Conosco”, quando o homem será uno com sua Consciência Superior, sua luz interior, atenta colaboradora. A mesma idéia se encerra na feliz e incompreendida parábola do filho pródigo, que abandona sua casa para viver as experiências do mundo e, por fim, retorna ao lar, despojado da herança paterna (consciência instintiva), porém maduro e reconhecido ao pai (consciência superior) que também o reconhece, acolhe e festeja.
Para esse retorno à Unidade, o homem precisa despertar sucessivamente os princípios latentes em seu interior, enquanto exercita os já realizados. Ao todo são sete, como os alegóricos dias da Criação, pois o homem e o Universo são da mesma essência e evoluem concomitantes. Mistério…? Para quem não procura a verdade.
Considerando que a ignorância gera mistérios, podemos afirmar que só há mistério onde há falta de conhecimento, e conclusivamente: Não há mistério. O que há é ignorância sobre as Leis da Natureza e do Universo, e que estas dormitam latentes dentro de cada ser.
Mas, então seriam ignorantes os homens?
Diríamos que não, apenas vivem desatentos aos assuntos transcendentes ligados à Realidade da Criação, à Evolução da Humanidade e à Constituição Superior de cada pessoa. Ignoram que cada ser humano é um microcosmo, reflexo do macrocosmo e que todas as forças-energias cósmicas têm sua correspondência na tessitura do corpo de cada ser.
Vivendo acossado por necessidades e impulsos que não entende, e por isso não controla, o ser humano tem vagado pela face do Planeta em lenta e penosa evolução. No entanto, ensina a Sabedoria Eterna, e garantem os místicos, sábios e iluminados de todas as épocas, que a Essência que habita em todos, paira acima de todas as circunstâncias humanas. E para muitos jaz ainda adormecida como resposta às fundamentais questões: “Quem somos? De onde viemos? Qual a nossa missão? Para onde vamos?”
Como enigmas de uma Esfinge que habitasse as trevas da consciência humana vigiando dia e noite os Portais da Eternidade, atenta ao passado e no que virá, àquelas cruciais questões, angustiam qualquer vivente, que encerram o drama e a grandeza da peregrinação humana. Como redentores da Humanidade, por tê-las resolvido, fizeram-se vários luminares; por aspirar resolvê-las, lavraram-se os sábios, os heróis e os santos; por tê-las pretendido dominá-las ou por desconsiderá-las (com se tal fosse possível…), forjaram-se os Césares de todas as épocas, algozes de si mesmos e dos demais; à parte, a massa dos pseudo-indiferentes, joguetes em geral, dos mais espertos ou mais egoístas permanece dominada e alienada.
Acreditar que está em paz com sua consciência, distribuindo benfeitorias aqui e ali, não justifica apagar todo um passado mal resolvido. Não se pode chegar à Casa Paterna com bagagem mundana às costas.

Considerando que alguns instrumentos necessitem de uma conexão em certa voltagem para funcionar, todos os homens que já conquistaram a força mental nesse nível sintonizam o conhecimento direto com os planos sutis da criação, pois seus instrumentos já estão nessa sintonia. Aquele que não estiver no mesmo diapasão ou na voltagem suficiente terá que setransformar, melhorar o seu estado de consciência, até entrar em sintonia: eis o Despertar da Consciência.
Resta ao homem, conscientemente, integrar-se com o Todo, a fim de que haja equilíbrio entre seus três estados de consciência: a física, a psíquica ou emocional e a espiritual. Uma vez equilibradas, o homem será harmônico consigo mesmo, com o meio em que vive e com o Todo Universal, de cuja integração passará a tomar conhecimento diretamente, através de seus próprios meios, pois os mecanismos, digamos assim, existentes na tessitura humana começam a funcionar.
Notamos que não há homens privilegiados. Nós é que fazemos, trabalhando nossas qualidades. Todos têm o mesmo potencial. Este, sim, em alguns já estão desperto e em outros, ainda adormecido, truncado, entretanto em outros deformados por atos praticados por pura ignorância das Leis do Universo, e de como tais leis funcionam e operam inexoravelmente.
É privilégio do Homem alinhar-se ao plano de eclíptica pessoal, que vale dizer: buscar o reencontro com a sua Natureza Superior, a começar pelo seu próprio íntimo até lograr dizer, consciente: “Eu e o Pai somos um só”. 

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