A seca histórica provoca racionamento de água e muda a paisagem no estado da Califórnia, nos EUA. Medidas vão de restringir a irrigação de gramados privados e comerciais a proibir o abastecimento de piscinas. Educação da população continua sendo desafio e teme-se impacto sobre a economia.
A seca persistente no estado da Califórnia vem originando medidas drásticas de economia de água. Na penúltima semana de maio, as instituições estaduais reguladoras aceitaram um corte de consumo voluntário proposto pelos agricultores no delta dos rios Sacramento e San Joaquin de 25%, um nível considerado histórico.
A Secretaria Estadual de Água (SWRCB) está também considerando adotar uma política restritiva para a irrigação paisagística. Ela só permite que usuários residenciais e comerciais reguem seus gramados e jardins duas vezes por semana – o que também constituiu a maior restrição no uso do recurso na história do estado.
Em abril, a continuada seca já havia levado o governador Jerry Brown a editar uma portaria de emergência sem precedentes, obrigando os californianos a cortarem seu consumo de água em 25%.
O político admitiu que os 38 milhões de habitantes poderão enfrentar uma certa “dor no coração”. No entanto, como esforços voluntários anteriores não tiveram resultado, ele vê na regulamentação compulsória o único meio para alcançar as metas de conservação.
Desperdício: privilégio de ricos
Os cortes serão proporcionais e ditados pelo gasto prévio. Assim, as cidades notórias como esbanjadoras de água – por exemplo, Beverly Hills – sofrerão restrições maiores. Na opinião de Madelyn Glickfeld, diretora do Grupo de Recursos Hídricos da Universidade da Califórnia em Los Angeles, a questão é muito simples: “Gente pobre não tem como pagar por um monte de água, portanto tende a ser mais cuidadosa do que os ricos.”
Segundo o Departamento de Recursos Hídricos da Califórnia, em média, cerca da metade do consumo urbano de água no estado visa a irrigação paisagística. Essa percentagem pode chegar a 70% na verde Beverly Hills, com suas grandiosas mansões e gramados mais monumentais ainda.
A hora do artificial
Por outro lado, cresce o interesse em grama artificial ou plástica – embora algumas associações de proprietários continuem só admitindo vegetação autêntica. Outra opção apresentada é substituir os gramados por plantas resistentes à seca. Rhay comenta que o primeiro passo é educar os cidadãos sobre a seca. Eles terão que compreender que a reforma no lidar com a água significa que a cidade precisa encontrar soluções próprias e redefinir sua imagem.
Madelyn Glickfeld chama a atenção para a necessidade de manter o equilíbrio entre poupar recursos e conservar empregos. Ela se diz preocupada com o impacto econômico e com todos aqueles que estão ameaçados de perder o seu trabalho, desde os agricultores até jardineiros.
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