Castelo Gandolfo (Italia) (AFP) – A recente descoberta de um planeta ‘gêmeo’ da Terra aumentou as chances da existência de vida inteligente em outros planetas. Mas apesar dos telescópios do Papa Francisco estarem varrendo os céus repletos de estrelas, o Vaticano é cético quanto a encontrar o Sr. Spock.+
Num topo de colina, próximo à casa de verão papal do Castelo Gandolfo, está o Observatório do Vaticano, uma das instituições de pesquisa astronômica mais velhas do mundo, onde os cientistas planetários misturam o estudo de meteoritos e o Big Bang com teologia.+
Tendo um prestigioso centro de pesquisa na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, o instituto nunca teve medo de perguntar se poderia haver vida em outros planetas e está entusiasmado quanto a descoberta de uma ‘Terra 2.0′.+
Os astrônomos que caçam planetas como o nosso anunciaram com grande empolgação terem encontrado o mais parecido até agora, Kepler 452b, que está circulando sua estrela na mesma distância que o nosso planeta orbita o Sol.+
Por volta de 60 por cento maior do que a Terra, ele está bem dentro da zona habitável de sua estrela, onde a vida poderia existir, porque não é tão quente, nem tão frio, para suportar água no estado líquido, de acordo com a agência espacial estadunidense – NASA.+
A descoberta “é uma ótima notícia”, disse o diretor do Observatório Argentino, Jose Funes, para a AFP, apesar do fato dos cientistas suspeitarem que o aumento energético do envelhecido sol desse planeta poderia agora estar super aquecendo sua superfície e evaporando quaisquer oceanos, tornando a vida difícil.+
Porém, apesar de “ser provável que havia vida e talvez uma forma de vida inteligente… não acho que iremos encontrar o Sr. Spock“, ele disse.+
O problema é que Kepler 452b está a 1.400 anos luz de distância – uma distância impossível de cobrir usando os atuais métodos tecnológicos humanos.+
A NASA pode ter feito história este ano com sua passagem por Plutão, mas demorou nove anos para a sonda chegar lá, apesar do planeta estar a somente seis horas luz da Terra. A espaçonave mais rápida no sistema solar levaria uns 11 milhões de anos para alcançar esse primo da Terra+
Funes, que possui um diploma em teologia e doutorado em astronomia, não mencionou se o Vaticano enviaria missionários espaciais para converter formas de vida alienígena ao Cristianismo, se a vida extraterrestre fosse encontrada em outros lugares.+
O que está claro, ele diz, é que apesar de Deus ter criado alienígenas e planetas similares à Terra, não pode haver um segundo Jesus.+
“A descoberta de vida inteligente não significa que exista outro Jesus”, ele insistiu, porque “a incarnação do filho de Deus é um evento único na história da humanidade, do Universo.”+
Vestindo uma batina que lhe cai bem, e cercado pelas últimas publicações astronômicas, Funes, de 52 anos, diz que a ciência e a religião coexistem perfeitamente, insistindo que “se houver vida inteligente (em outro planeta), eu não vejo isso como uma contradição com a fé cristã“.+
“A bíblia não é um livro científico. Se olharmos por respostas científicas às nossas questões na bíblia, estaremos cometendo um erro”, disse ele. “Ela responde às grandes questões, como ‘qual é o nosso papel no Universo'”. Mas tais respostas também podem vir da exploração das estrelas, disse ele.+
“Este tipo de pesquisa, a procura por vida no Universo, nos ajuda a compreender a nós mesmos… compreender não só o nosso potencial, mas também os nossos limites.”+
Nenhum comentário:
Postar um comentário