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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

PROJETO JARI

O bilionário americano Daniel Keith Ludwig [1897-1992) poderia ser personagem de uma ficção de Joseph Conrad ambientada nos tristes trópicos. Megalomaníaco, ele comprou, em 1967, uma fazenda de 16.000 Km2 em Monte Dourado, divisa do Pará com o Amapá, e a batizou de Jari Florestal e Agropecuária Ltda. O empreendimento, entretanto, ficou mais conhecido como Projeto Jari.
O objetivo de Ludwig era vender celulose para o mundo inteiro e produzir quantidades exponenciais de carne e arroz. Não deu certo. Apesar de investir 1,3 bilhão de dólares na fazenda, Ludwig viu seu sonho ser engolido pela selva. Não foi só. Ele também acabou transformado num capeta capitalista em forma de gente. Durante os anos 70, nacionalistas de esquerda e de direita trombetearam a teoria conspiratória de que o verdadeiro objetivo do Jari era criar uma AMAZÔNIA INTERNACIONALIZADA sob a orientação dos ESTADOS UNIDOS.
Em 1982, o governo brasileiro resolveu intervir e intermediar a venda do Jari para um grupo de empresários brasileiros. A esquerda adorou, a direita aplaudiu e - surpresa! - Ludwig também gostou. Ele estava doido pra se livrar do abacaxi, afundado numa dívida de 450 milhões de dólares. Os compradores assumiram o prejuízo que foi, em parte, subvencionado com recursos públicos, via Banco do Brasil e BNDES. O Jari deixou de ser uma ameaça à nossa soberania e virou uma ameaça ao nosso bolso.

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