A partir da sonda Kepler, da missão K2, cientistas da NASA descobriram fortes evidências de um pequeno e rochoso objeto sendo despedaçado em espirais em torno de uma anã branca.
A descoberta valida uma teoria que ronda a comunidade científica há muito tempo: a de que anãs brancas, ou seja, estrelas mortas, são capazes de "engolir" restos de planetas que sobreviveram no sistema solar. "Pela primeira vez estamos testemunhando um planeta pequeno sendo despedaçado por intensa gravidade, sendo vaporizado por luz estelar e fazendo chover material rochoso em sua estrela", disse Andrew Vanderburg, do Centro de Astrofísica em Cambridge, em Massachussetts, nos Estados Unidos.
Conforme as estrelas envelhecem, elas incham e ficam grandes e vermelhas. Aos poucos perdem metade de suas massas, ficando com um tamanho 1/100 menor do que o seu inicial. Esses restantes das estrelas são chamados de anãs brancas.
O planetoide destruído no processo é um objeto cósmico formado por poeira, rochas e outros materiais, e seu tamanho é parecido com o de um grande asteroide. Ele é o primeiro objeto planetário a transitar em torno de uma anã branca de que se tem notícia. O objeto orbita sua anã branca, WD 1145+017, a cada 4,5 horas. Durante esse período orbital, o planetoide fica muito perto da estrela, bem como o calor e força gravitacional dela.
Durante a sua primeira campanha de observação, de 30 de maio de 2014 a 21 de agosto do mesmo ano, a K2 ficou de olho na constelação da Virgem, medindo pequenas mudanças no brilho de uma anã branca distante. Quando um objeto transitava ou passava na frente da estrela, um declive na luz estelar era gravado pela Kepler. O escurecimento periódico da luz estelar pode indicar a presença de um objeto orbitando a estrela.
Ao estudar esses dados, os cientistas da agência espacial americana encontraram padrões familiares. Eles perceberam que, a cada 4,5 horas, havia uma diminuição na claridade da estrela, bloqueando quase 40% de sua luz. O pequeno planeta não exibia um padrão simétrico em forma de U em seu trânsito, e sim uma longa inclinação parecida com a cauda de um cometa. Juntas, essas características indicam um anel de restos de poeira circulando a anã branca, o que abre a possibilidade de um pequeno planeta estar sendo vaporizado.
Além dos ~trânsitos estranhos, a equipe de pesquisadores encontrou sinais de elementos pesados poluindo a atmosfera da WD 1145+017. Por conta de sua intensa gravidade, se espera que as anãs brancas tenham superfícies quimicamente puras, cobertas somente com elementos leves como hélio e hidrogênio. No entanto, várias vezes foram encontrados traços de elementos mais pesados como cálcio e magnésio, fazendo com que os cientistas suspeitassem que a fonte da poluição fosse um asteroide ou um pequeno planeta sendo despedaçado pela intensa gravidade de uma anã branca.
"Ao longo da última década tivemos suspeitas de que as anãs brancas estavam se alimentando nos restantes de objetos rochosos, e que esses resultados nos ajudam a comprovar a nossa teoria", afirmou Fergal Mullally, cientista da equipe da K2. "Ainda há muito que precisamos descobrir sobre a história desse sistema."
Via NASA
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