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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Objeto não identificado está em rota de colisão com a Terra



Um objeto espacial detectado no início do mês está em rota de colisão com a Terra, com queda prevista para o próximo dia 13, informa artigo publicado recentemente na revista científica “Nature”. De acordo com pesquisadores, o corpo tem entre um e dois metros de diâmetro, e deve queimar por completo durante a entrada na atmosfera do planeta. Apesar de não apresentar riscos para a Humanidade, o fenômeno tem importância ímpar para a ciência, por proporcionar a oportunidade inédita de acompanhamento e testar planos de esforços coordenados para uma situação de perigo real.

O WT1190F foi detectado pelo Catalina Sky Survey, programa baseado na Universidade do Arizona, em Tucson, com objetivo de descobrir cometas e asteroides que se aproximam da Terra. Agora, um projeto internacional de observação está sendo montado para acompanhar a entrada do objeto na nossa atmosfera, informou Gerhard Drolshagen, da Agência Espacial Europeia (ESA).
— O que nós planejamos parece estar funcionando — disse Drolshagen. — Mas ainda faltam duas semanas.
Os cálculos indicam que o WT1190F possui uma órbita elíptica de duas vezes a distância da Lua, e deve atingir a Terra às 4h20 (pelo horário de Brasília) do dia 13 de novembro, atingindo o oceano Índico, a cerca de 65 quilômetros ao sul do Sri Lanka. À primeira vista, os astrônomos não sabiam de onde o objeto havia surgido, mas o astrônomo independente Bill Gray, que rastreia destroços espaciais para o Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, afirma que ele já foi visto em 2012 e 2013. A expectativa é que todo o corpo seja consumido no calor da entrada na atmosfera.
— Mas eu não gostaria de estar pescando naquela região — brincou Gray.
A trajetória aponta que o WT1190F possui baixa densidade e, provavelmente, é oco. Isso sugere um objeto artificial, “um pedaço perdido da História espacial que volta para nos assombrar”, disse Jonathan McDowell, astrofísico do Centro para Astrofísica Harvard–Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts. Pode ser um estágio de foguete gasto ou painéis perdidos em recentes missões à Lua. Também pode se tratar de destroços de décadas, talvez da época das missões Apollo. Um objeto localizado em 2002 foi identificado como uma peça descartada do foguete Saturno V que levou a segunda missão tripulada à Lua.

Apesar das especulações, os cientistas não sabem exatamente o que é o WT1190F. Mas existe um consenso: a descoberta do objeto a apenas um mês do impacto indica a importância de se aumentar os esforços para a identificação de corpos que apresentem riscos de colisão. Gareth Williams, astrônomo do Minor Planet Center, em Cambridge, Massachusettes, afirma que existem apenas 20 objetos parecidos com o WT1190F sendo rastreados atualmente. Provavelmente existem muitos outros destroços espaciais em órbita ao redor do sistema Terra-Lua.
De acordo com Drolshagen, da ESA, os planos envolvem a coleta de informações espectrais do objeto, que podem ajudar a identificá-lo. O projeto envolve observações a bordo de aviões e navios. Entretanto, após a colisão, os esforços concentrados para estudar esse tipo de objeto devem ser desfeitos. Diferente dos asteroides que se aproximam da Terra, destroços espaciais em órbita distante do planeta não recebem atenção. Até mesmo as forças armadas americanas, que rastreiam o lixo espacial, não possuem capacidade para identificar o WT1190F e predizer sua trajetória.
— Não existem esforços oficiais, com financiamento, para rastrear órbitas profundas da mesma forma que rastreamos órbitas baixas — disse McDowell, do Centro para Astrofísica Harvard–Smithsonian. — Eu acredito que isso precisa mudar.

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