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sábado, 14 de março de 2015

Cientistas descobrem ‘GPS’ no cérebro humano

Esta ferramenta poderia lhe ajudar a encontrar seu grande amor, ou seu cachorro perdido?

GPS encontrado no cérebro gera discussões em torno da intuição e das "coincidências úteis" (Lixuyao/iStock/Thinkstock)


O Prêmio Nobel de Medicina de 2014 foi atribuído para a descoberta de “um GPS interno no cérebro”. Essa função do cérebro afeta o modo como nós mapeamos geograficamente nosso ambiente, mas ela poderia, também, nos guiar de outras maneiras?
Teorias com base nesta descoberta levam-nos para o reino da intuição e das “coincidências”. Quando você encontra a pessoa certa no momento certo, isso poderia ser resultado do trabalho deste sistema interno de posicionamento global (GPS)?
O pesquisador norueguês Edvard Moser, sua esposa May-Britt Moser, e o cientista britânico-americano Dr. John O’Keefe, descobriram que as chamadas células “grig” (ou rede), no cérebro, compõem este GPS interno.
As células “grid” normalmente ficam localizadas no hipocampo, mas também podem aparecer no Giro Cingulado anterior do cérebro, que desempenha um importante papel na emoção humana, disse o Dr. Bernard Beitman, psiquiatra formado na Universidade de Yale que atualmente trabalha na Universidade de Virginia, após ler parte da pesquisa premiada. “Este aspecto emocional do mapeamento das células ‘grid’ poderia tornar determinados locais mais altamente carregados nos mapas do cérebro. Assim como os mapas utilizados na navegação por GPS, estes mapas poderiam nos ajudar a encontrar caminhos em direção às pessoas, coisas e situações emocionalmente importantes”, escreveu Dr. Beitman em um e-mail para o Epoch Times.
O Epoch Times perguntou ao casal Moser o que eles achavam desta ideia. Edvard Moser respondeu por e-mail que “O link com as emoções é muito especulativo”.
O Dr. Beitman concorda que as conexões são especulativas, “Mas é a partir destas evidências que novas teorias podem se desenvolver”. Muitas curiosas coincidências que o Dr. Beitman tomou conhecimento, deixam claro para ele que as pessoas são, de alguma forma, capazes de mapear a sua localização em relação às pessoas ou lugares emocionalmente importantes. “O modo como isso funciona é nossa divertida questão”.
Ele deu um exemplo: “Uma mãe sentiu que sua filha de 6 anos de idade estava em perigo e correu para a beira de uma pedreira de águas profundas, onde encontrou-a brincando alegremente na beira da água. Como a mãe ‘sentiu’ o perigo? Como ela ‘sabia’ o caminho para chegar lá?”.
Da mesma forma, quando criança, o Dr. Beitman encontrou seu cão perdido após fazer uma curva errada em um bairro familiar. Era estranho para ele ir naquela direção, no entanto, aquilo o levou exatamente aonde ele precisava ir.
O “efeito gaveta” (referente à prática de engavetar estudos que chegaram a conclusões negativas; essas conclusões negativas referem-se a resultados que não possuem nada estatisticamente significado, ou são considerados coincidências casuais, que não nos afetam negativamente, ou, inclusive, podem se referir a resultados contrários a pesquisas anteriores ou ao que alguém espera) pode explicar algumas dessas coincidências, ele disse: nós lembramos de todas as vezes em que encontramos algo que precisávamos, no momento em que precisávamos, através de uma cadeia de eventos surpreendentes e acidentais, mas nos esquecemos de todas as vezes em que isso não aconteceu. Se levada em conta a riqueza de erros, os acertos se tornam mais prováveis estatisticamente.
No entanto, o Dr. Beitman acha que o “efeito gaveta” não é capaz de explicar o fenômeno como um todo, e ele não é o único que possui este entendimento. O veterinário, Dr. Michael Fox, já ouviu falar de animais de estimação que rastrearam seus donos ou encontraram ajuda quando precisaram, em situações que pareciam desafiar até mesmo seus aguçados sensos de olfato, visão ou audição.
Ambos os Doutores Beitman e Fox teorizam em relação a dados sensoriais ao nosso redor, que são percebemos inconscientemente. E estes dados guiariam o GPS. O Dr. Beitman fala da “psicoesfera” e o Dr. Fox fala da “empatoesfera” – uma camada existente em torno das pessoas que não pode ser percebida pelos cinco sentidos, mas que contém informações emocionais que podem ser “captadas” por receptores sensoriais que ainda não foram descobertos.
Se fizermos esta descoberta ou entendermos melhor o fenômeno, disse o Dr. Beitman, nós poderemos ser capazes de tornar essas coincidências úteis mais comuns em nossas vidas. Esse GPS poderia nos ajudar, muitas vezes, a encontrar crianças perdidas. Talvez ele pudesse ser o caminho para encontrar o amor, o trabalho certo, ou uma mão amiga em um momento de necessidade. Evidentemente, muito mistério ainda precisa ser desvendado, mas para o Dr. Beitman, é uma linha de pensamento que vale a pena ser seguida com uma investigação mais aprofundada.
O professor de ciência aeroespacial e reitor emérito da Escola de Engenharia e Ciência Aplicada na Universidade de Princeton, Robert G. Jahn, tem escrito sobre uma “rede de espaço de consciência” ou “uma rede de experiência”.
Em seu livro “Margins of Reality” (Margens da Realidade), ele se pergunta sobre a existência física da consciência humana e como ela pode ser mapeada. Ele também pondera, sob o ponto de vista da física quântica, como a consciência pode se mover em direção a um objetivo. “Uma pessoa é descrita como um amigo ‘próximo’ ou um parente ‘distante’, pode ter um pensamento ‘profundo’ ou ‘raso’; e nós permitimos que nossas mentes possam ‘vaguear’ por vários ‘campos conceituais’ antes de tomar uma ‘posição’ sobre uma questão.
Estas são descrições qualitativas. Ele se pergunta se é possível desenvolver descrições espaciais quantitativas relacionadas à consciência. Ele teoriza que a consciência humana tem a forma de onda e move-se, fisicamente, como tal, através do cérebro e além dele. Ele afirmou que um maior desenvolvimento da mecânica da consciência poderia formar uma “grade de experiência, ao longo da qual a consciência prossegue em direção ao seu objetivo, fazendo discriminações ou associações em cada conjuntura, um tanto quanto em um labirinto de quebra-cabeça ou nos jogos ‘Vinte Perguntas’ e ‘Charadas'”.

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