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segunda-feira, 9 de março de 2015

Uma reflexão sobre as incertezas e os fascínios do tempo

A compreensão do tempo deixa dúvidas em inúmeras áreas do saber (Shutterstock)


Você pode transformar um ovo em um omelete, mas você não pode transformar um omelete em um ovo. Tome um momento para refletir sobre as implicações que formam a definição sobre o ‘tempo’.
O músico canadense Sam Roberts canta: “O tempo é um peixe escorregadio”. A compreensão do tempo é certamente difícil de se entender. Os filósofos e até mesmos os linguistas têm tanto direito de defini-lo como os físicos.
Aqui estão alguns pontos de vista e tentativas de fixar um conceito para o tempo (de forma alguma é uma lista exaustiva de tais tentativas), alguns fatos fascinantes sobre o tempo como nós o entendemos, e um olhar para o mundo sem ele.
Culpar o tempo pela bagunça
Por volta de 1870, o físico austríaco Ludwig Boltzmann associou o tempo com a desordem. O físico Sean Carroll explicou em uma entrevista em 2010: “Se você empilhar papeis de forma organizada em sua mesa e depois ir dar uma volta, você não se surpreenderia se eles transformarem-se em um caos. O que seria surpreendente é se uma confusão se transformasse em papeis empilhados organizadamente.”
“Basicamente, nosso universo observável começou há cerca de 13,7 bilhões de anos, em um estado de ordem esquisita… É como se o universo fosse um brinquedo de corda que tem estado trabalhando há 13,7 bilhões de anos e no final (acabou a corda) resultou em nada.”
Papeis desordenados em cima de uma mesa (Shutterstock)
Papeis desordenados em cima de uma mesa (Shutterstock)
É a quarta dimensão
Albert Einstein imaginou o espaço-tempo como uma quarta dimensão, separada do nosso espaço tridimensional.
Albert Einstein (Oren Jack Turner)
Albert Einstein (Oren Jack Turner)
O Fim do tempo
Julian Barbour, PhD, um físico independente e escritor, acha que o próximo grande passo na física poderia ser o fim do tempo.
“A unificação da relatividade e da mecânica quântica em geral pode muito bem significar o fim dos tempos… Vamos chegar a ver que esse tempo não existe”,escreveu em seu livro “O fim do tempo”.
“Sem dúvida, muitas pessoas vão rejeitar a sugestão de que o tempo pode não existir como um disparate. Não estou negando o poderoso fenômeno que chamamos de tempo. Mas ele é o que parece ser? Afinal, a Terra parece plana. Eu acredito que o verdadeiro fenômeno é tão diferente que se for apresentado a você sem ninguém mencionar a palavra ‘tempo’, você não o chamaria assim.”
Ele escreveu: “A nível pessoal, pensar sobre essas coisas me convenceu que devemos valorizar o presente. Isso certamente existe, e talvez seja ainda mais maravilhoso do que imaginamos. Carpe diem – aproveite o dia.”
Como seria o mundo sem tempo? “Nós não iríamos sentir que de repente o fluxo de tempo parou”, escreveu Dr. Barbour. “Pelo contrário, os novos princípios eternos vão explicar por que sentimos que o tempo passa.”
“Agora acho que nós deveríamos ir mais longe, para uma realidade mais profunda onde nada se move, nem céu nem Terra. Reina a quietude.”
Que papel a percepção cumpre? Existem cultura que não possuem o conceito de tempo?
O tempo não se move da mesma forma para todo mundo, literalmente. Se relógios extremamente precisos são colocados em cada nível de um prédio alto, eles vão mostrar que o tempo passa mais devagar nos pisos inferiores do que nos pisos superiores. A diferença é mínima, bilionésimos de segundo, de acordo com umrelatório da National Geographic.
A percepção do tempo pode produzir maiores diferenças.
A tribo Amondawa não possuiu uma palavra para ‘Tempo’
A tribo Amondawa da Amazônia tem uma perspectiva única sobre o tempo. Eles não têm um conceito de eventos terem ocorrido no passado ou no futuro. Eles não têm palavra para ‘tempo’, nem têm palavras para unidades de tempo, como ‘mês’ ou ‘ano’.
“Não estamos dizendo que estas são ‘pessoas sem tempo’ ou ‘fora do tempo’”, disse Chris Sinha, professor de psicologia da linguagem da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, em uma entrevista para a BBC. “Os membros da tribo, como outras pessoas, podem falar sobre eventos e sequências de eventos.”
“O que não encontramos é uma noção do tempo como algo independente dos eventos que estão ocorrendo; eles não têm uma noção do tempo em que os eventos ocorrem.”
Os nativos americanos Hopi
Nativos americanos da tribo Hopi no Parque Nacional do Grand Canion (Shutterstock)
Nativos americanos da tribo Hopi no Parque Nacional do Grand Canion (Shutterstock)
O linguista Benjamin Lee Whorf (1897 – 1941) foi um grande defensor do tempo relativo. Ele escreveu em “Ciência e Linguagem” que a linguagem da tribo nativa Americana Hopi “poderia ser chamada de uma linguagem atemporal…. ela não faz distinção entre presente, passado e futuro do evento em si”.
As alegações de Whorf foram posteriormente desafiadas, mas muitos linguistas concordaram que a linguagem dos Hopi trata o tempo de forma um pouco diferente do que as línguas indo-europeias fazem.
Os chineses não têm presente, passado e futuro, mas eles têm palavras que indicam tempo, como “antes” e “depois”. Linguistas estão divididos sobre se a língua de uma pessoa define rigorosamente seus padrões de pensamento.
Os africanos veem algum futuro?
O filósofo queniano JS Mbiti, de 82 anos, argumentou que o entendimento africano de tempo poderia impactar negativamente o progresso do continente.
Ele é citado no livro Moisés Oke em Quest: Um Jornal Africano de Filosofia: “No pensamento tradicional africano, não existe o conceito da história estar se movimentando em direção a um futuro clímax… Então, os povos africanos não possuem uma crença no progresso, a ideia de que o desenvolvimento de atividades e realizações humanas se move de um ponto baixo para um grau mais elevado. As pessoas não fazem planos para o futuro nem ‘constroem castelos no ar’”.
Africanos podem entender a mudança das estações e outros eventos inevitáveis, Mbiti disse, mas o pensamento de planejamento de longo prazo ou de olhar para frente no futuro não existe. Ele disse que suas ideias são incompletas e requerem uma analise mais aprofundada, mas ele sugeriu que ajudar os africanos a entenderem o conceito de futuro de forma diferente poderia ajudar o desenvolvimento do continente.

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