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quarta-feira, 1 de abril de 2015

- O Caso Benedito Miranda


Na Delegacia de Polícia de Itaperuna (RJ) foi registrado um depoimento estranho e impressionante pelas características de que se reveste. Consta nesse documento, tomado a termo pelo investigador de Polícia Nilson Almeida Amorim, que na noite de 25 de fevereiro de 1971, às 2 horas da manhã, "compareceu o Sr. Benedito Miranda, vulgo "Badita", brasileiro, casado, residente em Cataguases, à Rua da Liberdade, 248, comunicando que, ao regressar de Itaperuna para Cataguases, na altura da ponte de Carangola, na BR-040, deparou com um objeto estranho, de forma redonda, no meio da estrada, impedindo-o de passar com seu veículo. Ao aproximar-se do referido objeto, viu saírem do seu interior 2 homens de estatura pequena, medindo aproximadamente uns 30 centímetros de altura. A seguir as referidas criaturas tiraram do cinto um instrumento comprido, com a aparência de uma lanterna, do qual saiu um foco de luz de cor ora azul ora avermelhada; lançaram o foco em sua direção e quando a luz atingiu o informante este ficou suspenso no ar, como se fosse um passarinho. Quanto mais aumentava o referido foco, mais ele subia no ar, chegando mesmo a atingir 50 metros de altura. Sentiu-se totalmente paralisado, não podendo nem gritar por socorro. Ao se passarem uns 5 minutos, surgiu a claridade dos faróis de um carro na lombada, na direção das localidades de Retiro e Muriaé. Foi quando as referidas criaturas baixaram o foco lentamente, em direção da viatura do informante e o colocaram no interior do seu carro, sem mesmo encostar-lhe as mãos, só com o poder do foco saído do estranho instrumento. Em seguida, entraram no aparelho, de forma redonda, que então voou a uma velocidade incalculável, em direção ao céu. Disse o informante que levou uns trinta minutos para voltar ao estado normal, em virtude do grande susto que levou. Assinado: Benedito Miranda".
AMNÉSIA
O que torna este depoimento estranho é que o Sr. Benedito não se recorda, em absoluto, de haver feito esta declaração, mas reconhece a assinatura como sua, autêntica.
Na entrevista que concedeu à SBEDV em 2 de outubro de 1971, apenas dias após a ocorrência, disse o entrevistado que se recordava somente do seguinte: no dia 24 do referido mês, entre 23h40m e meia noite, parou seu carro na ponte sobre o rio Carangola a 4 quilômetros de Itaperuna para verificar um defeito na direção do auto, que parecia balançar. Abriu a porta, saiu e logo depois perdeu a consciência, só voltando ao estado consciente às 6:30 hs do dia 25. Quando voltou a si estava dentro do veículo, com as roupas sujas de terra escura, olhos congestionados, ardentes, e corpo todo dolorido, principalmente o braço esquerdo, cuja mão estava entorpecido e formigando. Chegando em casa, constatou que esse braço apresentava apresentava manchas de coloração roxa-avermelhada na região do cotovelo. Não sabia o que ocorrera nesse longo lapso mental de mais de 6 horas.
HIPNOSE
Em 16 de outubro de 1974, Benedito foi submetido à hipnose regressiva pelo Dr. Silvio Lago. Durante a hipnose Benedito Miranda lembrou-se de detalhes de sua experiência. Ele lembra-se do momento em que o aparelho apareceu, seguido de uma falha no motor do carro e na seqüência a aparição dos tripulantes do objeto.
 
Itaperuna, indicado em vermelho no mapa do estado do Rio de Janeiro
 - A Hipnose Regressiva

Em 15 de outubro de 1974, Benedito foi submetido, pelo Dr. Sylvio Lago, a uma sessão de hipnose, de 3 horas de duração, após um bom “rapport”. O paciente respondeu favoravelmente aos testes de viabilidade hipnótica e sugestibilidade, atingindo um grau médio de profundidade.
Na noite seguinte, 16 de outubro de 1974, Benedito entrou em hipnose sonambúlica, induzida pelo Dr. Lago, sendo o paciente levado à fase regressiva. O objeto em mira era focalizar, uma vez mais, os acontecimentos ufológicos registrados na mente de Benedito Miranda, em referência à noite de 24/25 de setembro de 1971, encobertos pela amnésia lacunar (ver Bol. Da SBEDV nº 85/89 – pág. 71).
Colocando  Benedito Miranda em sono hipnótico, o Dr. Lago fez relembrar as atividades da testemunha junto ao seu caminhão e ao seu carro particular, desde os primeiros dias de setembro de 1971. Isso para testar Benedito Miranda no que tange ao arquivamento de memória referente à sua atividade anos atrás.
Entretanto, por motivo de economia de espaço aqui só foram registradas as 168 perguntas do Dr. Lago, em relação ao dia 23 de setembro de 1971, em diante (principalmente a noite de 24 para 25 de setembro).
Transcrevemos a seguir o relato que Benedito Miranda fez em 16 de outubro de 1974, em estado de hipnose regressiva induzida pelo Dr. Sylvio Lago. A sessão foi assistida pelo Dr. Walter Buhler (SBEDV), que também formulou perguntas ao paciente. O Dr. Lago fez a gravação da qual se extraíram as perguntas e respostas a seguir transcritas.

Abreviações:
L – pergunta do Dr. Sylvio Lago
W – pergunta do Dr. Walter Buhler
B –  respostas de  Benedito Miranda

(...) - as expressões entre parênteses foram introduzidas com o fim de um maior esclarecimento ao leitor.

1.       L – Para onde você vai agora?
B –  Cataguases.

2.       L – Passa por onde?
B –  Pela mesma linha

3.       L – Que dia é hoje?
B –  Hoje é 23 (setembro)

4.       L – Que horas?
B –  Devem ser mais ou menos 11 horas do dia.

5.       L – Está com fome?
B –  Vou almoçar lá em Sapucaia. Bebedouro é perto – 30 km só. Não vou almoçar não! Vou-me embora (para casa).

6.       L – Veja tudo bem claro, com toda a nitidez! Tudo o que você viveu. Tudo está gravado aí em seu cérebro, na sua memória...
B – Hoje não vou viajar. (Vou) lavar o carro. Não trabalho mais hoje, com carro não!

7.       L – Muito bem. E agora?
B – Pego o meu carrinho... Dou uma volta... Estou com vontade de ir até Itaperuna... Não sei...

8.       L – Fazer o que lá?
B – Visitar is amigos, parentes.

9.       L – Onde estão seus amigos?
B – Itaperuna.

10.   W – Que horas são agora?
B – Devem ser umas 4 horas da tarde.

11.   W – Ótimo. É uma cidade bonita. Como se chama o rio que passa por lá?
B – Como?

12.   W – Como se chama o rio que passa em Itaperuna?
B – (rindo) eh, eh, eh. É o Muriaé!

13.   W – Há uma ponte lá (que liga as duas partes da cidade)
B – Mas não gosto de entrar no outro lado. Fico do lado de cá.

14.   W – Chegou à cidade?
B – Já. Estou na casa da minha irmã.

15.   W – E a que hora vai embora?
B – Demora, ainda demora... Estou no meu carro... mais tarde. Não tem pressa não!

16.   L – Aí está bom?
B – Está.

17.   L – Está calmo?
B – Muito.

18.   L – Que horas são agora?
B – Devem ser umas 8 e meia, 9 horas (da noite). Agora mesmo vou embora!

19.   L – Está bem? Vai embora?
B – Agora mesmo vou embora.

20.   L – Está na hora de ir embora?
B – Já estou indo.

21.   W – Está indo? Na BR?
B – Meu carro está dando um defeito aqui... meu carro tem um defeito!

22.   L – Qual será o defeito?
B – Parou... Parou... (ininteligível)... o jeito é de ficar aqui mesmo... vou dormir...

23.   L – Veja bem!
W - Já passou a ponte (da BR que cruza o rio Muriaé)?
B – Está aqui ma cerração... não sei que isto. Deixe dormir! Deixe!

24.   L – Então há cerração? Muita?
B – Pouquinha.

25.   L – Que mais além da cerração?
B – Ah, não sei... umas luzinhas atrapalhando... não estou vendo nada... Estão atrapalhando, não estou vendo nada... estão me perturbando... uma luzinhas na minha cara... estão me perturbando... não sei que é isto.

26.   L – Hein?
B – (Falando devagar – choroso) Não sei o que é isto. Que é isto? O que será?

27.   L – Hein?
B – (Falando rápido e veemente) Vou-me embora. Sabe? Vou-me embora! (Interrogativo) Eu? Eh... (Rápido) Embora!

28.   L – Partindo daquela luzinha?
B – Eu não vi mais nada.

29.   L – Veja bem! As luzinhas estão vindo de onde? Preste atenção!
B – Que... (ininteligível)... gente! Nunca... Eu estou ficando doido! Está! Deixe a gente descansar um bocadinho.

30.   W – Como sujou a roupa?
B – Não sei...

31.   L – Veja bem! Faça um esforço! Em que lugar você está?
B – Estou no caminho de Itaperuna... Venho de Itaperuna... Eles me querem... (ininteligível) Hein! Eu tenho de pegar o meu carro (caminhão) ao meio dia (amanhã)...

32.   L – A Luz está em cima de você?
B – Está lá embaixo!

33.   L – De onde ela vem?
B – Está vindo de lá de baixo do rio... me seguindo ... (murmurando)... é demais...

34.   L – Mas ela sai de onde, Benedito?
B – Lá! Donde ela vem! Rapaz, você não está vendo não?

35.   L – Mas ela sai de algum lugar?
B – Não sei!

36.   L – Veja bem!
W – Da beira do rio?
B – Olha lá! Parecem 3 focos. Três focos... vermelho, um é muito vermelho... Né... Estão me cegando... eu não estou enxergando direito...

37.   W – A quantos metros?
B – Ah... como posso calcular? Vem caminhando!...

38.   W – Na sua direção? Você está andando com o seu carro?
B – Não, agora não! Porque já estou (ininteligível) parado... está parado aí...

39.   W – O motor falhou ou você parou?
B – (Ininteligível)

40.   W – Não quer pegar?
B – Não!

41.   W – E a luz?
B – Está perto do rio.

42.   L – Ela está sozinha?
B – Não! Está com uma pessoa. Que nada... parece ser até um bicho... que é aquilo?

43.   L – Preste atenção, Benedito! Você presta toda atenção a isto? Abra os olhos bem, rapaz!
B – Não tenho condições... parece um farol forte!

44.   L – Vem alguém carregando?
B – (Com entonação de grande surpresa) Uá! Tem? Tem! Como é? Não vejo... uns bichinhos! Parecem...

45.   L – Parece o que?
B – Vá lá! Parece até que... parece negócio de pato! Como é que é? Pato na carrega luz!... um trem que eu não conheço... que eu nunca vi... andando... é, nunca vi!... andando... é nunca vi!... é!

46.   W – Tem braço?
B – Ahh... braço dele esta embutido num troço... não sei o que é! Parece que uma capa cobrindo aquelas coisas pequenas...

47.   W – Parece uma criança?
B – É... diante de uma criança...

48.   W – Veja o rosto, se é de gente!
B – Não vejo!... não dá pra ver!

49.   L – O que? Está coberto?
B – Está! Parece uma capa... o corpo todo coberto...

50.   L – Veja o braço!
B – Também os braços... não vejo... vêm embutidos numa capa... uma espécie de um sobretudo! Não é possível! Não é possível!

51.   L – Um só?
B – Três!

52.   L – Que parecem? Crianças?
B – Umas criancinhas. Sim!

53.   L – Como é isso?
B – Tem pé. Está andando! Se é sobre o solo, não sei... mas vem andando normal!

54.   W – Em direção de você?
B – É!

55.   W – E você, o que faz?
B – (Irritado) O que eu faço? Estou imobilizado!...

56.   W – Imobilizado? Não pode se mover?
B – Não!

57.   W – E o que eles fazem?
B – Ah...

58.   L – Veja bem! Preste atenção!
B – Não há condições!

59.   L – Você está vendo uma coisa esquisita? Está com medo, Benedito?
B – (Calmo) Não, não estou com medo, não! Eu estou imobilizado! Como vou mexer? Não mexo nada!

60.   L – Nada, nada?
B – Nada!

61.   L – O Braço?
B – Nada!

62.   L – Vontade de correr?
B – (calmo) Correr não. Eu queria que o meu carro pegasse para eu ir embora.

63.   L – Você não acha isto esquisito, Benedito? O que você está pensando?
B – Ué! Não tem jeito!

64.   L – É? Presta atenção! E como você sujou a roupa depois?
B – Não tem nada...

......
Trecho sem relevância e portanto suprimido
....

B – Estou, estou quase chegando em casa.

65.   L – E como é? A roupa está limpa agora?
B – Minha roupa está limpa...

66.   L – Viu bem quando a roupa sujou?
B – Cheguei em casa e a mulher... (interrogativo)... A mulher está brigando comigo... que estou com a roupa suja!...

67.   L – Como vocês sujou a roupa?
B – Ah... meu Deus do Céu... ao eu deitar (por baixo) no carro, sujou com certeza, não, mulher? Calça minha suja! Nunca tive assim roupa suja! Não ando sujo, não gosto! Mulher está achando minha vista vermelha... Não entendo nada disto. Vou tomar um banho... (Depois) vou trabalhar.

68.   L – Você não tem um ferimento no braço? O que que houve? Que tem o seu braço?
B – A mulher vê uma... (ininteligível) no meu braço, lado esquerdo. Diz que tem...

69.   L – Como foi isto, Benedito?
B – Não posso imaginar.

70.   L – Você vê um ferimento e não sabe?
B – Não tem ferida não! É uma mancha... diferente...

71.   L – Vamos ver aquela luz de novo! Você vai ver de novo! Quem sabe se alguma coisa escapou?
B – Está em cima da linha! Lá!

72.   L – Veja direito!
B – Estou parado antes da ponte. Estou vendo que... estou encima do viaduto da estrada de ferro... Estou parado em cima do viaduto antes da ponte!

73.   L – Por que parou?
B – Porque o carro não quer pegar. Tem 3 luzinha que me estão incomodando... aproximando lá! Olha lá! Parece garoto! Garoto não é! Parece um pato! Olha aí!... Parece um pato!... Mas tem dois pés... e então não pode ser... Aí vem aproximando lá! Como é a mão dele? Não se vê a mão dele? Por que?

74.   L – Tem jeito de gente, rapaz?
B – Evidente!

75.   L – Que tamanho?
B – Uns 30 a 40 cms. Olha lá! Suponho. Pode ser até maior.

76.   L – A que distância está?
B – Está distância de uns 20 metros da minha pessoa

77.   L – E não está escuro?
B – Não se vê! Vê aquele vulto com a capa! Parou... Parou... Estão parados!

78.   L – Por que estão parados?
B – Não sei.

79.   L – O que eles estão querendo?
B – Não sei.

80.   L – E você?
B – Estou aqui quieto. Estou vendo... quer pegar aí... não (ininteligível)... embora...

81.   L – Continua parado?
B – Que interesse eles tem?

82.   L – Estão olhando para você?
B – Estão firmes! Quem é que agüenta aquele foco? Dentro do meu carro... parece que com todo normal aí... que claridade heim? Hein? Sinto o corpo todo arrepiado!...

83.   L – Você está com medo?
B – Não! Medo não! Acho estranho um negócio deste.

84.   L – O que será?
B – Não sei...

85.   L – Veja bem o que eles fazem!
B – Vão afastando, afastando de costas... agora parecem até no alto... num buracão alto...

86.   L – Você vê os homens?
B – Vi. Agora não vejo mais. Vejo a luz sumindo, sumindo... mais nada...

87.   L – E você vai embora?
B – Vou embora. Pegou o carro. Vou embora aí... está amanhecendo. Vou embora!

88.   L – Vai até lá?
B – Vou para Cataguazes, para casa... trabalhar.

89.   L – Mas antes de chegar em casa, onde você foi? Veja bem!
B – (pausa sem resposta)

Neste momento, o Dr. Sylvio Lago suspende as 2 pálpebras superiores da testemunha, demonstrando haver uma completa reversão dos olhos para cima, confirmando o estado de profunda hipnose.
O pulso funciona a 72 batidas por minuto. Há um evidente estado de hipotonia muscular e letargia. A respiração é profunda e ritmada em 16 vezes por minuto. A fisionomia é serena e tranqüila. A testemunha está calma. Uma vez mais Benedito é levado a repetir a sua passagem pelos momentos mais cruciantes.


90.   L – Como está Benedito? Está com sono, Benedito?
B – Não! (o estado sonambúlico, para muitos, seria mais próximo da hipvigilância)

91.   L – Como esta (se) sentindo? Bem?
B – Bem!

92.   L – O que há?
B – O carro não quer andar! O que que houve?... (ininteligível)...

93.   L – Mais alto!
B – O que vem (a ser) aquilo lá? Vem lá!

94.   L – Uma só?
B – Não. Três lâmpadas! Tem uma vermelha, viva; parece um foco... Tem uma mais clara um pouquinho. Que é isto? Hein? Três lâmpadas ! Olha lá! Mas como é que anda assim? Aí tem um despenhadeiro! Como gente que anda assim?

95.   L – Há alguma novidade?
B – Sumindo lá... Sumiu!

96.   L – Sumiu? Para cima? Para baixo?
B – Não! Para o lado do rio. Sumiu! Não tem mais nada... tem uma luzinha longe...

97.   L – E depois?
B – Joaquim! Joaquim!
(Revivendo o episódio da chegada à Delegacia)

98.   L – O que há rapaz?
B – Oh , 7BI  (referindo-se aparentemente ao número sob o qual é também conhecido o investigador). Ói!

99.   L – O que houve?
B – Oh lá...

100.  L – O que que houve? Conte devagar! Calma! Diga tuo!
B – Vamos! Vamos!

101.  L – Vamos onde?
B – Vamos lá perto da estrada para Carangola!

102.  L – O que há?
B – Uns seres me atacou. Estou com o carro...

103.  L – Sem pegar? Eu sei!
B – Atacou eu também!

104.  L – De que maneira atacou você?
B – Atacou porque não me deixou ir.

105.  L – Explique isto, Benedito!
B – (Com impaciência e aterrorizado)”... como é que vou explicar? Você tem de agir! (“Você” referindo-se à pessoa com que está falando) “não vale nada”!

106.  L – Mas você não explica à gente o que houve!
B – (Mais impaciente ainda) O que vocês fazem então?

107.  L – O que quer que leve? Um canhão? Um revólver?
B – Tem de ir armado. Tem de ir armado!

108.  L – Você não fez nada?
B – Ué? Como? Fiquei sem sentido!... não ando armado!

109.  L – Que negócio é este?
B – Naturalmente... eu não sei!... eu não sei... não vi nada mais.

110.  L – (Ainda sumindo o papel do investigador) E depois? Só isto? Você acha isto de importância? Não foi uma visão?
B – Fantasma? Você não vale nada! (com evidente ira pelo fato de o investigador não ter dado importância ao fato e não indo ao local).

111.  L – É gente de carne e osso? Ou foi fantasma?
B – Como eu explico? Como explico? Umas criancinhas atacando. Parecia até pato. Parecia tudo... se não vi mais!...

112.  L – Você quer dizer que você tem medo de crianças?
B – Não! Não é! Não tenho medo de  crianças. Pode ser um caso qualquer!...

113.  L – Veja só a sua roupa como está!
B – Não ando sujo! Minha roupa está limpa!

114.  L – Andou embaixo do carro, por acaso?
B – Eu tive de olhar! Eu tive de olhar, não é?

115.  L – Por que você teve que olhar em baixo do carro? Para ver se estava enguiçado?
W – Você quer fazer agora a declaração para eu tomar nota no livro da Delegacia? Diga de novo que fizeram com você?
B – Vi três lâmpadas em cima de mim e três homenzinhos... eu não sei como é que pode ser! Com a capa... não vi braço. Vi perna, parece até pé de pato. Vejo aquele foco encima de mim. Não vejo mão. Que quer que eu faça?

116.  L – Diga tudo que fizeram!
B – Comigo não fizeram nada. Olharam só assim e foram embora. Eu fiquei...

117.  L – E aquele foco que você disse que ficou em cima de vocÊ?
B – O foco? Pois é... desapareceu. Naturalmente me olharam aonde que ia. O que podiam levar. Podiam ser ladrões. Mas não tinham condições. Não podia ser ladrão. Tinham de me roubar ou matar.

118.  L – Como foram embora? Tinham automóvel?
B – (Muito supreendido com esta pergunta) Nãaaaaaaooooo! Parece negócio de planeta, sabe? Se não me engano!... Eles se foram afastando. Na altura que stava não tinham condições.

119.  L – Afastando? Correndo?
B – Como que corre? Aquilo parecia uma nuvem, afastando...

120.  L – Uma nuvem? Que ta se afastando, afastando?
W – Aquela nuvem?
B- Aquela lâmpada saiu por igual. Fugiu, fugiu...mas o lugar que é, não podia haver nada. Um despenhadeiro... em baixo a linha da estrada de ferro. É do lado do rio. Como poderia andar assim no ar?

121.  L – É no ar?
B – É no ar!

122.  L – A quantos metros?
B – Ahh... fugiu! Aí dava uns 15 a 20 metros por causa da altura.

123.  L – Como é que você disse que estavam com o pé no chão?
(OBS.: Embora a testemunha não tivesse dito isso, foi pelo hipnotizador feita a pergunta de modo controvertido, para obrigar a testemunha a uma reformulação de sua resposta)
B – Pois é aquele negócio. Como é que eu podia supor que estavam no chão? Vinham andando, andando, umas coisinhas pequenas, não é!

124.  L – Voaram?
B – É. Aquelas asas que completavam a coisa a voar! Não é? Aquilo deve ser um aparelho! Um aparelho! Uma capa! Parece que transformava... Que fugiu lentamente. Não sei se é o destino... Se é uma força maior... Mas...

125.  L – E entrava naquela nuvem?
W – Nuvem luminosa? Como é que é?
B – Luminosa!

126.  L – Como entrava?
B – Parecia uma estrela... uma lua... o tempo não estava enluarado...

127.  L – Como não contou da primeira vez isto?
B – Mas eu não percebi! Na saída, afastou e virou... só...

128.  L – Como é que é?
B – Era o tipo arredondado e desapareceu... até não ver mais...

129.  L – Você relatou que as luzes sumiram... que você não viu mais nada?
B – É! Eles sumiram... numa só. As três fugiram como uma só redonda... Desapareceu... não vi mais...

130.  L – Não subiram? Nem nada?
B – Desapareceu!

131.  L – Qual a impressão que era?
B – É tipo duma lua.

132.  L – Duma Lua?
W – Para cima ou para baixo?
B – Para cima...

133.  W – E os homenzinhos?
B – Não vi mais!

134.  W – E a nuvem?
B – Desapareceu.

135.  L – Agora que você fez o seu relato... vai para casa?
B – Se Deus quiser.

136.  W – (Assumindo o papel do policial) E assine! (a declaração).
B – (Contrariado) Já assinei! O que você quer que aqui assine mais?

137.  L – Não viu nada na mão deles?
B – Eu vi aqueles focos.

138.  L – Cada um?
B – Cada um tinha um foco diferente em cor, como já disse. Um vermelho... aquele que hipnotiza e outro mais claro. Dois mais claros. Eu não posso supor porque... eu não lembro que eles querem comigo...

139.  W – Estava sentado no carro?
B – Estou sentado neste meu carro... (incompreensível)... vou dormir...

140.  W – E aquele foco vermelho hipnotiza! E o branco que faz?
B – O mais pesado é o outro. O outro branco não é para localizar qualquer objeto... o que não posso informar...

141.  W – Não pode informar?
B – Como é o que eu digo: havia 3 focos... um forte e dois mais claros.

142.  W – O que fazem com os focos?
B – Ahh!... Hipnotiza a pessoa dum jeito que fica desequilibrada.

143.  L – Você ficou?
B – Fiquei todos desequilibrado... todo paralisado!

144.  L – Não acha parecido com o negócio de televisão? Tem coisa parecida! Você viu?
B – Sinceramente, nunca vi aquilo direito não!

145.  L – No filme?
B – (Intempestivo) Não! Não! Não! não! Depois seguiram. Ficou uma roda... grande, um quarto, um tipo de uma luz, bem maior que a lua e desapareceu aí! Não vi mais...

146.  W – Qual foi a distância menor entre você e eles?
B – Estava numa base de uns 8 m mais ou menos.

147.  W – Devia ter visto o rosto deles!
B – Não vi!

148.  W – E o pé?
B – O pé estava com uma bota escura... não dá para visualizar...

149.  W – Viu outra coisa neles?
B – Nada mais!

150.  W – Descreva tudo que viu!
B – Não vi mais nada. Só aquilo!

151.  W – E o chapéu?
B – Chapéu junto com a capa... conjugado com a capa.

152.  W – É um capuz?
B – É um capuz? Era uma peça só!

153.  L – É uma roupa de escafandro?
B – É uma roupa esquisita... não posso bem dizer...

154.  L – Você vê bem no escuro?
B – Não dá para a gente saber. O negócio parece uma capa. Sei lá... um troço esquisito...

155.  W – Muito bem. E eles falaram entre si? Escuta falar?
B – Hahh! Se eles falam... eu não notei nada! Já vi que era muito séria para mim!

156.  L – E que brincadeira boba de eles pararem o seu carro? De não perguntarem nada, nada...?
B – Meu carro não parou! Meu carro enguiçou... não funcionou mais.
(OBS.: A resposta demonstra que a testemunha segue seu próprio raciocínio, não se deixando influenciar pela pergunta).

157.  L – Que mágica, não é? E então quando foram embora o seu carro funcionou outra vez?
B – É. Não apareceu defeito no carro, não! Fui embora. A gente chega em casa.

158.  L – Por que se meteu embaixo do carro? Para ver o defeito?
B – (Tom de surpresa) Uái! Quem não vê? Antes de socorrer tem de ver o que o carro tem! (Qual a pessoa que não tenta primeiramente achar a causa do defeito para depois então pedir ajuda?)

159.  L – Você não tem uma esteira para deitar embaixo dele?
B – Não tem nada. Não tem nada. Mais estava meio úmido. Estava um sereninho. Não é nada, não! A mulher que achou que a roupa...

160.  L – Ah, você não contou? Por que não contou a história à ela?
B – É porque não tinha nada para contar! Não sei, não sei... o que foi. Não vi nada.

161.  L – Agora não se lembra de nada?
B – Amanhã vou trabalhar!...

162.  L – O que que aconteceu com você? Você sabe agora?
B – Não sei não!

163.  L – Você foi à Delegacia?
B – Não sei!

164.  L – Está certo! Então descanse agora. (Benedito permaneceu em repouso durante alguns minutos depois dos quais foi sugerida a volta ao tempo presente, processando-se o despertar). Muito bem. Vai acordar agora enquanto eu conto até 10.... 7, 8, 9 e 10. Espere aí! Devagarinho! Muito bem! Descansou, Benedito?
B – É um calor danado, por que?

165.  L – Está com calor? Está bem? Vamos lá! Tem café. Qual a impressão deste espaço de tempo de 2 horas que você está aqui? Não é isto? Foi agradável?
B – Deve ter sido! O senhor gravou todo o negócio? Não sei, Doutor. Não vi nada!

166.  L – Procure se lembrar. Faça um esforço!
B – Não lembro de nada, Doutor.

167.  L – Você se lembra do começo? Até onde você se lembra do que fez?
B – O Sr. Fez... mandou relaxar os músculos... depois eu dormi...

168.  L – Você quando estava chegando lembrou-se de que deitou embaixo do carro para examinar uma coisa?
B – Doutor, eu não me lembro de nada. Eu sei que o meu carro não quis pegar e eu deitei... no outro dia voltei, estava amanhecendo o dia, o carro pegou normalmente e cheguei em casa às 9 horas... a mulher mesmo assim me disse: Você está sujo... Você está sujo”


Discussão:

Podemos considerar as seguintes facetas da hipnose em Benedito Miranda:
a)      Condução do questionário durante hipnose;
b)      Divergência entre o relatório feito na Delegacia de Polícia e aquele feito sob ipnose;
c)       Explicação do apagamento da memória em um episódio ufológico

Uma vez que os itens b e c podem estar relacionados, vamos discuti-los em conjunto, após tratarmos do item a.

a)      Sobre a autenticidade da hipnose, falam por si mesmos os dados fisiológicos aqui citados e colhidos das perguntas ao paciente, durante a hipnose profunda. Também qualquer um pode julgar por si o interrogatório, conduzido pelo Dr. Sylvio Lago, que força a testemunha a reformular sua resposta. Às vezes, estas respostas são dadas veementemente, quando as perguntas são capciosas, obrigando a testemunha a defender a verdade como lhe parecia configurar-se (veja perguntas nº 111; 112; 123; 144 e 145).
b)      O leitor ainda poderá aquilatar o experimento hipnólogo pela insistência e habilidade com que conduziu o paciente a lhe responder diversas vezes, sobre os ângulos mais importantes do episódio, assim como:

1º - As luzes que se aproximaram da testemunha (perguntas nº 25; 36; 43; 94 à 96 e 120 à 129).
2º - O aspecto dos tripulantes (perguntas nº 42 à 59; 73 à 85; 111; 146 à 155).
3º - O poder hipnótico das luzes (perguntas nº 140 à 143).
4º - A razão da sujeira na roupa da testemunha (perguntas nº 64 à 67; 113 à 115 e 158 à 160)

b e c) No relato de  Benedito Miranda, feito na Delegacia de Polícia de Itaperuna, ao investigador Nilson Almeida Amorim, às 2 horas da madrugada de 25 de setembro de 1971, consta que “... À saída de Itaperuna teve a passagem do seu carro obstruída por outro veículo, do qual saíram dois pequenos seres, que por meio de focos luminosos” suspenderam-no no ar, recolocando-o em seguida no seu veículo. O paciente, no seu relato durante a hipnose regressiva, não mencionou estes pormenores.
Comparemos os 2 relatos: um feito na Delegacia de Polícia e outro feito posteriormente  no gabinete do hipnólogo. Reparamos, então que as divergências dos depoimentos justificam uma nova sessão de hipnose. Nessa nova sessão, estas divergências seriam abordadas diretamente, o que não foi feito na primeira sessão, pois se queria evitar qualquer pergunta sugestiva.
À primeira vista, é difícil distinguir distúrbios nervosos causados pela interferência energética ufológica. “A posteriori”, esses distúrbios se poderiam sobrepor ao traumatismo “físico”, e então constituir um componente de ordem psicológica. Isto foi ventilado no caso de cegueira do guarda noturno Almiro, da represa hidrelétrica do Funil, que foi curado pelas sessões de hipnose aplicadas pelo Dr. Orlandino Fonseca.
Também, com semelhança a esse fato, poderia ter havido, no caso de Benedito, um fator psíquico adicional às influências energéticas ufológicas. O episódio ufológico, na noite da vivência, teria sido acessível à sua memória, em termos de “longa duração”. Posteriormente, seja por fator psíquico ou físico (que desconhecemos ainda), essa memorização se teria transformado para o tipo de “curta duração”, e assim talvez se teria delimitado ao subconsciente, ficando então só ao alcance da hipnose regressiva. Isto já foi ventilado no Boletim nº 85/89 – pág. 22, do Bol. Da SBEDV, no item “Credibilidade de testemunha à amnésia”.
Ainda no Boletim SBEDV nº 80 – pág. 22, citamos algumas hipóteses a respeito da natureza das energias ufológicas, intervenientes em nosso sistema nervoso central, sejam elas de caráter químico ou magnético, impedindo o funcionamento dos contatos das terminações nervosas.
Recentemente, no artigo “Schiaf Von der Decke” (O Sono vem do Teto), o Baster Nat. Zeitung focalizou (Panorama, 22.12.1973) os trabalhos de W. Ross Adey, da  UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles). Esses trabalhos referem-se  às modificações das paredes das células nervosas (e com isto, da corrente elétrica das próprias células), pela aplicação de campos elétricos de VHF (very High Frequency) mas de fraca intensidade. Isso modificaria:
a) A condução dos impulsos nervosos;
b) A função cerebral;
c) O arquivamento de informações

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