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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Astronautas da ISS comem pela primeira vez alface cultivada no espaço

Atripulação da Estação Espacial teve uma refeição para lá de especial nesta segunda-feira (10): os astronautas comeram, pela primeira vez, uma leva de alfaces frescas cultivadas inteiramente na gravidade zero do espaço. Até então, através das missões de reabastecimento, os tripulantes chegavam a receber de vez em quando pequenos carregamentos de frutas e vegetais, como cenouras e maçãs. “Mas a quantidade é limitada e precisa ser consumida rapidamente”, observa em comunicado Gioia Massa, cientista da NASA envolvida com as pesquisas do sistema Veg-01, apelidado de “Veggie”. O equipamento pretende colocar de vez a salada no cardápio dos astronautas - e ainda proporcionar a eles outros benefícios associados ao cultivo de plantas no espaço.
“Ter algo verde e crescente - um pedacinho da Terra - para tomar conta enquanto se vive e trabalha em um ambiente extremo e estressante pode trazer um enorme impacto”
O Veggie foi mandado para a Estação Espacial em abril de 2014 a bordo de uma cápsula Dragon, da SpaceX. Junto do experimento, também foram enviados dois conjuntos de sementes de alface romana vermelha. Os primeiros pés de alface foram cultivados em maio do ano passado e trazidos de volta à Terra em outubro, para testes de segurança alimentar. Depois de verificarem que estava tudo bem com as folhas, os pesquisadores autorizaram que metade do segundo lote fosse consumido pelos astronautas, e o restante deveria ser trazido à superfície para pesquisas microbiológicas. A salada consumida hoje começou a germinar no dia 8 de julho e foi colhida 33 dias mais tarde.
A fotossíntese das plantas é estimulada artificialmente sobretudo através de lâmpadas de LED azuis e vermelhas, que são as mais eficientes. O comprimento de onda verde também é usado, só que para fins estéticos - sem ele, as folhas teriam uma aparência roxa meio esquisita, e talvez não parecessem tão apetitosas assim. “Os LEDs verdes ajudam a aprimorar a percepção visual humana das plantas, mas eles não emitem tanta luz quanto os vermelhos e os azuis”,explicou Ray Wheeler, líder das atividades de apoio avançado à vida na agência espacial.
A alface cultivada no experimento Veggie e consumida nesta segunda (10/8) pelos astronautas (Foto: NASA)
E ao que tudo indica, a alface não é única coisa que pode crescer fora da Terra. “Existem evidências que apontam que alimentos frescos, como tomates, mirtilos e alface vermelha são uma boa fonte de antioxidantes. Ter comidas frescas como essas disponíveis no espaço pode trazer um impacto positivo no humor das pessoas e também fornecer alguma proteção contra a radiação”, diz a pesquisadora Gioia Massa. Além de melhorar a dieta dos astronautas, o cultivo de vegetais no espaço também pode promover uma série de outros benefícios.“Quanto mais longe e por quanto mais tempo os humanos se afastarem da Terra, maior será a necessidade de ser capaz de cultivar plantas para alimentação, reciclagem de atmosfera e benefícios psicológicos”, observa Massa. E como a agenda de exploração espacial da NASA e de outras agências aponta para a tendência de missões tripuladas cada vez mais longas e complexas, é essencial que essa tecnologia seja desenvolvida o quanto antes.
A jardinagem no espaço também pode servir como uma espécie de hobby para que astronautas que estejam indo, digamos, até Marte, se sintam mais produtivos. Sem contar uma função simbólica um tanto mais poética e filosófica, trazida à tona pelo comunicado da NASA: “Ter algo verde e crescente - um pedacinho da Terra - para tomar contar enquanto se vive e trabalha em um ambiente extremo e estressante pode trazer um enorme impacto.”
Em breve, estufas como a desta simulação podem estar na superfície de Marte (Foto: NASA)

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