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terça-feira, 22 de setembro de 2015

6 desastres naturais bizarros


Além de produzir terremotos mortais, furacões e outros desastres naturais capazes de mudar o mundo, a Mãe Natureza é capaz também de provocar mudanças meteorológicas inesperadas. De uma erupção vulcânica ocorrida a partir de uma alteração climática até uma explosão misteriosa na Sibéria, conheça as histórias por trás de seis eventos climatológicos bizarros que marcaram a história.
1) O Ano sem Verão
Em abril de 1815, Monte Tambora, na Indonésia, protagonizou uma das erupções vulcânicas mais poderosas da história. A explosão matou dezenas de milhares de pessoas no sudeste da Ásia e lançou uma gigantesca nuvem de cinzas para a atmosfera. Conforme a nuvem foi se movendo pelo planeta, ela bloqueou os raios de sol, abaixando as temperaturas para 3ºC, causando mudanças climáticas de escala épica no ano seguinte. Na Índia, as secas e inundações provocadas pelo Tambora trouxeram alterações à fauna e à flora do Golfo de Bengala e originaram um novo tipo de cólera que matou milhões de pessoas. A Europa foi afetada por chuvas fortes e um frio persistente que trouxe a fome e uma agitação generalizada na população. Nos EUA, fortes nevascas atingiram alguns estados em junho, destruindo plantações e desencadeando uma crise econômica. Posteriormente, moradores da Nova Inglaterra apelidaram 1816 de “mil e oitocentos e congele até a morte”, mas a data acabou se tornando mais conhecida como “Ano sem Verão”.
As perturbações climatológicas tiveram também alguns efeitos colaterais um tanto incomuns. Algumas pessoas afirmam que a alta dos alimentos para cavalos na Europa foi uma fonte de inspiração para Karl Drais para construir uma versão inicial da bicicleta. Enquanto isso, na Suíça, o tempo sombrio e a chuva constante de 1816 obrigaram a escritora Mary Shelley a passar o verão dentro de casa. E ela aproveitou essa temporada para criar o famoso romance de terror “Frankenstein”. 


Imagem: Giorgiogp2 [CC BY-SA 3.0 ou GFDL], via Wikimedia Commons

2) A Tempestade Solar de 1859 

As tempestades solares acontecem quando energias magnéticas retidas na superfície do Sol são liberadas em explosões de radiação e em partículas carregadas. As explosões resultantes são equivalentes à força de milhões de bombas de hidrogênio, e os ventos solares que ela cria podem causar estragos na atmosfera terrestre. Isso foi exatamente o que aconteceu no final de agosto e início de setembro de 1859, quando o planeta foi bombardeado pela maior tempestade solar já registrada. O chamado “Evento Carrington” – batizado em homenagem ao astrônomo britânico Richard Carrington – fez os céus brilharem com auroras cintilantes e multicoloridas que chegaram até ao Havaí. No Colorado, ele foi tão brilhante que uma testemunha relatou que as pessoas conseguiam “ler folhas impressas facilmente” à noite.
O show de luzes pode ter sido bonito, mas os distúrbios geomagnéticos que vieram com ele derrubaram sistemas telegráficos em todo o mundo. Em algumas máquinas de telégrafo saíam torrentes de faíscas, iniciando incêndios e assustando seus operadores. A atmosfera estava tão carregada de eletricidade em alguns lugares que técnicos descobriram que poderiam desconectar as baterias de seus telégrafos e continuar transmitindo mensagens. A “Tempestade Solar de 1859” passou após alguns dias, mas cientistas dizem que se um evento parecido acontecer hoje poderá deixar os sistemas de telecomunicação em colapso e causar prejuízos de trilhões de dólares 

Crédito: Incredible Arctic/Shutterstock.com

3) 1874, o “Ano do Gafanhoto” 

Pragas de gafanhotos que destruíam plantações eram algo comum no final do século XIX nos EUA, mas elas não foram nada em comparação àquela que desceu às Grandes Planícies no verão de 1874. Uma primavera árida e seca havia criado as condições perfeitas para gafanhotos das Montanhas Rochosas colocarem seus ovos em grandes números. Trilhões deles eclodiram e sitiaram o Nebraska, Kansas, as Dakotas, Iowa e muitos outros estados. Testemunhas disseram que os gafanhotos chegaram em nuvens estrondosas tão espessas que bloqueavam a luz do Sol por horas. Depois de pousarem, eles devoraram campos inteiros de plantações, vegetações locais e até mesmo as roupas das pessoas. “O ar está literalmente vivo com eles”, escreveu um jornalista do New York Times. “Eles se chocam contra as casas, aglomeram-se nas janelas, cobrem os trens. Eles atuam como se fossem enviados para destruir”.
As pessoas tentaram queimar os insetos com fogo e explodi-los com pólvora, mas elas eram incapazes de lutar contra um enxame tão grande. Milhões de dólares em colheitas acabaram sendo destruídos no que ficou conhecido como “o Ano do Gafanhoto”. O exército americano foi chamado para distribuir suprimentos para as vítimas, mas muitos proprietários simplesmente admitiram a derrota e se mudaram para o leste. Pragas similares continuariam a perseguir colonos durante muitos anos. Elas só pararam no início do século XX, quando mudanças climáticas fizeram com que os gafanhotos das Montanhas Rochosas fossem extintos. 

Crédito: Kansas Historical Society 
 
4) O Véu de Poeira de 536 d.C. 

Em meados do século VI, uma nuvem de areia e pó tomou conta repentinamente de todo o planeta, ofuscando o Sol e causando temperaturas atipicamente baixas por muitos anos. “Um augúrio dos mais temidos se estabeleceu”, escreveu o historiador bizantino Procópio de Cesareia sobre o ano de 536. “Pois o Sol enviou sua luz sem brilho... como se houvesse um eclipse extremo, pois os raios que ele emanava não eram claros”. O longo inverno que se seguiu trouxe seca, colheitas ruins e fome em todo o mundo. Alguns estudiosos acreditam que esse evento ajudou a desencadear o primeiro surto conhecido de peste bubônica na Europa. 

Apesar de seus efeitos generalizados, cientistas ainda não sabem ao certo o que causou o esfriamento global da década de 530. Uma das teorias é que uma erupção vulcânica massiva lançou poeira na atmosfera e ofuscou os raios solares. Estudos de amostras de núcleos de gelo da Groelândia e da Antártida do século VI mostram altas concentrações de íons sulfato expelidos pelos vulcões, e existem evidências de que pode ter havido uma grande erupção em El Salvador na década de 530. Outras pesquisas apontam para uma colisão ou quase colisão de um cometa como o responsável mais provável por esse evento. O Cometa Halley passou pela Terra em 539 e é possível que uma parte tenha se soltado dele e criado uma nuvem gigante de poeira com seu impacto. 

Crédito: SAHACHAT SANEHA/Shutterstock.com

5) O Grande Nevoeiro de 1952 

Nem todos os desastres naturais são totalmente naturais. Em dezembro de 1952, a poluição do ar provocada pelo homem em Londres formou uma massa de fuligem que permaneceu por quatro dias, piorando consideravelmente a qualidade do ar. O miasma mortal foi resultado de um sistema de alta pressão que criou as artificiais condições de estagnação. Em vez de dispersar na atmosfera como de costume, nuvens de fumaça de carvão e poluição vindas das fábricas pairaram sobre a cidade e não foram embora. A fumaça reduziu a visibilidade em alguns lugares a quase zero. Animais morreram de asfixia nos pastos, e muitos londrinos tiveram bronquite, pneumonia e outros problemas respiratórios. Várias crianças e pessoas mais velhas morreram depois que seus pulmões tiveram graves inflamações.
Cerca de quatro mil pessoas morreram antes que o vento finalmente mandasse para longe o nevoeiro, e milhares de pessoas podem ter morrido nas semanas e meses que se seguiram, por causa desse evento. Motivado pelo desastre, o governo britânico instituiu, posteriormente, a Lei do Ar Limpo de 1956, que deu aos cidadãos subsídios para adotar combustíveis menos poluentes e proibiu a emissão de fumaça preta de carvão em certas áreas. 

Crédito: N T Stobbs [CC BY-SA 2.0], via Wikimedia Commons

6) O Evento de Tunguska 

Um pouco depois das 7 da manhã de 30 de junho de 1908, uma luz riscou o céu da Sibéria e explodiu no Rio Tunguska Pedregoso. A onda de choque que se seguiu tinha a força de 5 a 10 megatons de TNT – centenas de vezes mais poderosas que a bomba atômica lançada sobre Hiroshima. Ela dizimou quase 200 mil hectares de floresta e derrubou pessoas a mais de 60 quilômetros de distância. Incrivelmente, ninguém foi ferido na explosão, mas seus efeitos foram sentido por todo o planeta. Aparelhos sísmicos e atmosféricos foram acionados em locais tão distantes como a Inglaterra, e, nas noites seguintes, o céu estava tão iluminado que pessoas na Ásia eram capazes de ler os jornais fora de casa. Especialistas suspeitaram de um impacto de meteoro, mas quando uma expedição russa finalmente chegou ao local remoto da explosão em 1927, ela não encontrou sinais de uma cratera de colisão.
Apesar da falta de indícios – ou cratera –, a maioria dos cientistas acredita que o “Evento de Tunguska” foi resultado de um impacto de uma rocha espacial. Uma das possibilidades é que tenha sido causado por um cometa glacial que evaporou após a colisão, deixando poucas evidências. Ainda mais provável é o fato de um meteoro de 20 a 30 metros de diâmetro ter explodido na atmosfera e se partido em vários pedaços pequenos. Supostas testemunhas relataram ter ouvido “um barulho como de pedras caindo do céu”, depois da explosão inicial, e amostras de vegetação decomposta de Tunguska possuem níveis altos de níquel, ferro e outras substâncias comumente encontradas em locais de impacto de meteoros. 

Crédito: solarseven/Shutterstock.com

Você Sabia?
Entre os séculos XIV e XIX, a Europa passou por um período de esfriamento, que, hoje, é conhecido como “Pequena Idade do Gelo”. Geleiras cresceram e o rio Tâmisa congelou, e muitos lugares foram tomados por quebras de safra e fome. Hoje, os cientistas atribuem o esfriamento a uma combinação de fatores, incluindo atividade vulcânica, alterações na temperatura do oceano e uma redução da energia solar.
Fonte: History.com
 

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