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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Novo anel de Saturno é estonteantemente grande


Pesquisadores anunciaram que um anel gigante ao redor de Saturno é ainda maior do que se pensava, ocupando uma área de espaço quase sete mil vezes maior que o próprio Saturno.


“Nós sabíamos que esse era o maior anel, mas agora descobrimos que ele é ainda maior do que pensávamos, novo e melhorado”, contou o principal autor do estudo, Douglas Hamilton, cientista planetário da Universidade de Maryland, College Park, à Space.com.


O imenso anel foi descoberto ao redor de Saturno em 2009. Os escuros grãos de poeira que o compõem provavelmente são destroços que impactos cósmicos removeram da distante e igualmente escura lua Febe, desse gigante gasoso.


“É fascinante que esse anel possa existir”, declara Hamilton. “Na ciência, nos ensinam que aneis planetários são pequenos e que ficam próximos de seus planetas – se ficam longe demais deles, acabam formando luas, e não anéis. Nossa descoberta simplesmente vira essa ideia de cabeça para baixo – o Universo é um lugar mais interessante e surpreendente do que pensávamos”. [Fotos Incríveis dos Anéis de Saturno]

 Astrônomos suspeitaram da existência do anel de Febe pela primeira vez após observar uma das outras luas de Saturno, Jápeto.


“Assim como nossa lua, Jápeto sempre fica com um lado voltado para Saturno, o que significa que ele também sempre tem um lado apontando na direção de seu movimento ao redor de Saturno, seu lado condutor”, explica Hamilton. “Jápeto é uma lua gelada, e intrinsecamente branca e brilhante, mas sua face condutora é marcantemente negra. Foi essa contaminação que nos levou a procurar o que acabou sendo um anel surpreendentemente grande”.


O Telescópio Espacial Spitzer de infravermelho, da Nasa, detectou o anel de Febe pela primeira vez se estendendo entre distâncias de 128 a 207 vezes o raio de Saturno – isto é, de cerca de 7,7 milhões a 12,4 milhões de quilômetros de distância do planeta. Isso é cerca de 12,5 vezes a distância entre a Terra e a Lua em espessura, muito mais de 10 vezes maior que o último maior anel conhecido de Saturno, o anel E. [Fotos: Os Anéis e Luas de Saturno]


Novas imagens infravermelhas da sonda WISE, da Nasa, revelam que o anel Febe na verdade se estende entre distâncias de 100 até surpreendentes 270 vezes o raio de Saturno – isto é, entre 6 milhões e 16,2 milhões de quilômetros do planeta.


Os grãos escuros que compõem o anel de Febe absorvem luz solar, o que torna o anel difícil de ver na luz visível, mas muito mais fácil de observar como calor na forma de radiação infravermelha, que a sonda WISE registrou.


Os pesquisadores apontam que suas novas estimativas são conservadoras. Na verdade, o anel de Febe pode se estender entre distâncias de 50 a mais de 270 vezes o raio de Saturno.


O anel de Febe é composto principalmente de partículas de poeira com cerca de 10 a 20 mícrons de tamanho, ou cerca de um décimo a um quinto do cabelo humano médio. Rochas com o tamanho de bolas de futebol ou maiores, com diâmetros de mais de 20 centímetros, compõem não mais que 10% do anel.


As partículas que compõem o anel de Febe podem ter milhões e bilhões de anos de idade, observa Hamilton. Sua idade extrema mais provavelmente se deve a quanto estão espalhadas, e assim é improvável que atinjam e destruam umas às outras em colisões.


“Um quilômetro cúbico de espaço no anel de Febe pode ter apenas algumas dezenas de partículas de poeira, talvez 100 no máximo”, declara Hamilton. “É bem vazio por lá”.


Essas descobertas sugerem que Saturno possui três tipos de anéis, explica Hamilton. Os aneis principais estão mudando constantemente, compostos de pedaços de gelo com o tamanho de casas, que se movem rápido, colidem gentilmente, quebram-se e se reformam aproximadamente a cada hora. O anel E é cheio de gotículas de água congelada de gêiseres da lua gelada Encélado, que duram talvez um século ou mais antes de atingirem outra lua de Saturno ou serem removidas completamente da órbita do gigante gasoso. O vasto anel de Febe tem partículas de poeiras com milhões ou bilhões de anos de idade, e provavelmente alguns objetos maiores também.


“Os principais anéis de Saturno são como o lendário cemitério de elefantes – misterioso e cheio de grandes ossos que contêm pistas sobre o passado recente”, explica Hamilton. “O anel E, então, é o cemitério de esquilos em que todos os ossos são pequenos e da era moderna, e o anel de Febe é o cemitério de dinossauros, onde encontramos ossos ancestrais de todos os tamanhos, a maioria deles composta de pequenos fragmentos, mas alguns bastante imensos”.


Hamilton e seus colegas suspeitam que Júpiter possa ter um anel gigante semelhante. “Sempre que um planeta tem um satélite distante, ele provavelmente também terá um anel distante”, explica ele. “Nós vemos o anel de Saturno porque ele é brilhante o suficiente para ser observado; o de Júpiter provavelmente é mais tênue e difícil de identificar”.


No futuro, Hamilton e seus colegas gostariam de usar os maiores telescópios terrestres para observar o anel de Febe usando luz visível. “Em conjunto com nossos dados infravermelhos, isso nos dará mais informações sobre os tamanhos de partículas no anel de Febe do que temos atualmente”, conclui ele.
revista Nature.

#Naty

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