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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O mundo ficará 3,5ºC mais quente até 2100: veja 6 efeitos assustadores disso para a nossa saúde


Apesar dos esforços globais para a redução das emissões de gases, uma nova análise diz que o mundo ficará 3,5ºC mais quente até o final do século.
Desde ondas de calor mais mortais a temporadas mais longas de alergia e mais casos de doenças transmitidas por mosquitos, veja o que acontecerá com a nossa saúde à medida que os termômetros sobem. (Foto: Getty Images)
Pesquisadores do grupo Climate Interactive determinaram que, com o empenho dos países ao redor do mundo para reduzir a emissão de gases durante a próxima década, o planeta sofrerá um aquecimento de 3,5ºC até o final do século (se os compromissos forem honrados). Se a emissão dos gases não fosse reduzida, esse aumento seria de 4,5ºC.
Embora 3,5ºC não pareça muito, os especialistas dizem que não é bem assim. Entre outras coisas, isso pode levar a um aumento das doenças infecciosas e ameaçar a segurança do nosso suprimento de água.
“O aumento das temperaturas tem muito a ver com a nossa saúde”, disse Kim Knowlton, DrPH, cientista sênior e diretor-adjunto do Centro de Ciências do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, ao Yahoo Health. “A mudança climática já está ameaçando nossa saúde. Muitas pessoas podem nem perceber isso”.
Jonathan Patz, MD, MPH e diretor do Instituto de Saúde Global na Universidade de Wisconsin-Madison, reproduz o sentimento, dizendo ao Yahoo Health que a mudança climática é uma das “maiores ameaças à saúde pública”.
Aqui estão os problemas de saúde que podem surgir com o aumento de 3,5ºC na temperatura global:
1. Mais doenças transmitidas por vetores
Uma atmosfera mais quente (causada pela mudança climática) pode armazenar mais água, explica Knowlton. Quando isso ocorre, há um maior período de seca, e grandes enchentes quando ocorre a chuva.
Mosquitos, carrapatos e outros tipos de insetos que picam, gostam de ambientes mais quentes, umidade e períodos inconstantes de chuva, diz Knowlton. E, infelizmente, eles podem carregar vírus nocivos, como é o caso do Nilo Ocidental e da Chikungunya (doenças transmitidas por mosquitos) — que já estão se espalhando mais rápida e extensamente do que nunca — assim como a doença de Lyme (transmitida por carrapatos). Condições mais favoráveis aos mosquitos e carrapatos significam mais casos dessas doenças.
2. Mais doenças transmitidas pela água
As enchentes, que podem resultar do aquecimento atmosférico, abrem as portas para a possibilidade da contaminação das fontes de água, diz Patz. “O aumento da frequência de chuvas severas (com 50 mm ou mais por dia) pode ameaçar a segurança do abastecimento de água”, ele diz.
Veja como funciona: grandes chuvas podem sobrecarregar a capacidade dos sistemas de tratamento de água com relação à purificação da água potável. Como resultado, elementos patogênicos como o cryptosporidium e a giardíase (ambos causam diarreia grave) podem ir parar em poços e fontes de água. Esses elementos “podem deixar até as pessoas saudáveis, doentes”, diz Knowlton.
3. Temporadas mais longas de alergia
A temporada do pólen fica mais longa com o aumento das temperaturas, e nós já vimos o impacto que a mudança climática pode ter sobre isso.
“A temporada de alergias tornou-se de duas a três semanas mais longa desde 1995, na faixa central dos Estados Unidos, por causa do aumento das temperaturas”, diz Knowlton, acrescentando que ela irá aumentar em todo o país, à medida que as temperaturas sobem. “Isso é chocante para os 25 milhões de americanos com asma”, acrescenta ela.
4. Declínio de culturas
Muitas culturas só podem viver e prosperar dentro de determinadas temperaturas. “Existem grandes preocupações com o fracasso das colheitas, com temperaturas mais elevadas”, diz Patz.
Com o aumento da temperatura, podemos ver um declínio da produção de determinadas frutas, legumes e alimentos mais saudáveis — e alguns podem até mesmo deixar de existir.
5. Poluição do ar
À medida que as temperaturas sobem, muitas formas de poluição atmosférica aumentam também. “Quanto mais quente está, maior a concentração da poluição por ozônio”, diz Knowlton.
Os incêndios, que acontecem mais em períodos de altas temperaturas e seca, também afetam a qualidade do ar — e a fumaça dos incêndios pode se propagar para mais de 1.600 Km de distância de sua fonte, diz Knowlton.
Embora os problemas de saúde causados pela poluição do ar pareçam mais um problema dos países em desenvolvimento, eles podem afetar os países desenvolvidos também. “Todos os anos, milhões de pessoas morrem prematuramente pela poluição do ar, e isso inclui os EUA”, diz Patz. (Um estudo do MIT, feito em 2013, descobriu que a poluição atmosférica causa um número estimado de 200.000 mortes prematuras anualmente).
6. Mais ondas de calor
Mas os especialistas dizem que o efeito mais direto são as doenças e mortes relacionadas com o calor. “As ondas de calor serão mais frequentes, intensas e longas, no futuro”, diz Knowlton. “Elas não são apenas um inconveniente, elas matam as pessoas”.
Nós já vimos ondas de calor extremas, só em 2015; os especialistas dizem que esse é um resultado do aumento das temperaturas globais. O que chama mais atenção é que, no Oriente Médio, as temperaturas chegaram a escaldantes 48ºC em média nesse verão, com um índice de calor apocalíptico de 73ºC.
Então, o que faremos quanto a isso?
Países de todo o mundo programaram uma reunião em Paris, entre o final de novembro e meados de dezembro, para a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática a fim de chegarem a um novo acordo climático. O Papa Francisco conversou com a ONU na sexta-feira passada e pediu que os países chegassem a “acordos fundamentais e eficazes”.
No nível individual, Patz indica a caminhada e a bicicleta sempre que possível, e o uso de aparelhos eletrodomésticos energeticamente eficazes. “Creio que o que nós fazemos a nível individual, comunitário e nacional, pode ser a maior oportunidade na saúde pública em mais de um século”, diz ele.

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