Quando uma pessoa leiga perguntou ao biólogo australiano John Alroy quantas espécies de animais haviam sido extintas nos últimos tempos, ele percebeu que existiam poucas pesquisas sobre o assunto. A partir desta constatação, o cientista resolveu se debruçar sobre uma vasta literatura de museu e um grande número de artigos científicos que determinavam populações de diferentes espécies ao longo do tempo. Alroy optou por focar seu estudo na taxa de extinção de apenas dois grupos - os répteis e os anfíbios. E dentre todos os animais avaliados, ele descobriu que os sapos são, de longe, os mais ameaçados. Se nada mudar, eles estão a caminho de enfrentar uma extinção em massa.
Previsão para este século é que taxa de extinção dos sapos chegue a 6,9%
De acordo com os dados levantados e apresentados em um artigono periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, aproximadamente 200 espécies de sapo desapareceram em apenas 30 anos, entre 1960 e 1990. Isso equivale a 3,1% do total de 6,3 mil espécies catalogadas. A previsão para este século é ainda pior: o biólogo estima que a taxa de extinção dos sapos chegue a preocupantes 6,9%. Para fazer as estimativas, Alroy aplicou um modelo estatístico que deriva as probabilidades de extinção para o futuro com base nas estatísticas do passado.
No caso dos sapos, ele aponta o aquecimento global como um dos principais responsáveis pelo extermínio massivo das espécies. Mas o pesquisador faz um alerta para que não se tome a abordagem simplista de considerar as mudanças climáticas como as únicas culpadas. Aqui mesmo no Brasil e também na América Central, o fungo Batrachochytrium dendrobatidis dizimou populações inteiras do anfíbio. A poluição do ar e da água, as espécies invasoras e a perda de habitat são apontadas como fatores agravantes.
Diferenças regionais também são marcantes: a América do Sul, por exemplo, perdeu uma quantidade muito maior de sapos que a América do Norte, a Europa e a Ásia. As espécies da ilha de Madagascar foram atingidas de um jeito bem mais forte que as da África, que não sofreram tanto assim. Como se não bastasse o cenário pessimista para o futuro dos sapos neste planeta, a situação ainda pode ser mais grave. John Alroy fez questão de frisar que suas estimativas seguiram uma linha conservadora. Em regiões com pouca documentação como as florestas sul-americanas, o número de espécies extintas pode ter sido bem maior.
Via Phys
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