Na ocasião, poucos cientistas levaram a sério a possibilidade da inversão rápida, já que todas as observações magnéticas impressas em amostras de lava sugerem que essa mudança sempre foi lenta e gradual.
Nesta segunda amostra, coletada no estado americano de Nevada, Bogue e Glen constaram que alguma anomalia também havia mudado o campo magnético daquela região em aproximadamente 0.14 grau por dia, ou 53 graus por ano. Mantida essa velocidade, uma primeira interpretação diria que os polos magnéticos poderiam ter se invertido em menos de quatro anos.
A opinião de Bogue também é compartilhada por Peter Olson, cientista da Universidade Johns Hopkins, nos EUA. No entender de Olson, algum evento ainda desconhecido alterou o campo magnético apenas nessas localidades, mas sem abrangência global.
Agora, o que os pesquisadores tentam descobrir é que tipo de evento possa ter provocado essas alterações, além de descobrir se ambas as amostras sofreram as mudanças na mesma época, estabelecendo uma possível ligação entre os dois casos. Ao que tudo indica os fenômenos foram mesmo localizados, restando agora saber como o campo magnético foi alterado de forma tão violenta.
Paleomagnetismo
O paleomagnetismo é a ciência que estuda o campo geomagnético registrado na magnetização das rochas.
As primeiras observações dessa propriedade são atribuídas a A. Delesse e M. Melloni entre 1849 e 1853, que concluíram que as rochas vulcânicas adquirem a magnetização durante o processo de resfriamento. Em 1895, G. Folgerhaiter sugeriu que a direção dessa magnetização é a mesma do campo geomagnético terrestre à época que a rocha resfriou.
Apesar da idéia da inversão geomagnética só ter sido aceita no início do século 20, Folgerhaiter já havia notado que algumas rochas tinham polaridade contrária a do campo magnético atual, mas apenas a partir da década de 1950 é que suas idéias foram retomadas e elaboradas, culminando com a teoria vigente sobre as inversões graduais de polaridade do campo geomagnético.
Fotos: No topo, o pesquisador Jonathan Glen durante trabalho de campo no Estado do Oregon. Na sequência, o cientista Nick Jarboe coleta amostras de rocha magnetizada no norte do Estado de Nevada. Crédito: USGS/Universidade da Califórnia.
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