Translate

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Planta ‘mágica’ abre caminho para produção de alimentos no espaço



Parece trivial, mas a alimentação é uma das principais barreiras para longas viagens espaciais, e, uma descoberta feita por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, pode ser a solução para o problema. Pela análise de uma planta nativa da Austrália, os cientistas encontraram genes específicos que podem acelerar o crescimento e formar vegetais que resistem a ambientes inóspitos.


A planta “mágica” é a Nicotiana benthamiana, uma espécie antiga de tabaco nativa da Austrália, conhecida pelos aborígenes como Pitjuri. O professor Peter Waterhouse fez a descoberta enquanto traçava a história da planta, que vem sendo usada há décadas por geneticistas como modelo para testes de vírus e vacinas.
— Essa planta é o “rato de laboratório” do mundo molecular dos vegetais. Nós a pensamos como uma planta mágica por suas propriedades fantásticas — disse Waterhouse. — Agora, nós sabemos que em 1939 sementes foram enviadas para os EUA e, de lá, passaram de laboratório em laboratório por todo o mundo. Pelo sequenciamento genético, nós pudemos determinar que a planta original veio da região de Granites, no Oeste da Austrália. Usando um relógio molecular e registros fósseis, nós sabemos que essa planta sobreviveu em sua forma atual na natureza por cerca de 750 mil anos.
A longevidade da espécie chamou a atenção dos cientistas, que iniciaram estudos para tentar entender como essa planta conseguiu sobreviver tanto tempo na natureza.
— O que descobrimos pode causar um grande impacto nas futuras pesquisas em biotecnologia de plantas. Nós descobrimos o equivalente dos ratos pelados usados em pesquisas médicas — disse a pesquisadora Julia Bally. — A planta perdeu o seu sistema imunológico e o fez para focar energias em germinar e crescer rapidamente, florescer e produzir semente mesmo com pouca quantidade de chuva. A planta trabalhou para lutar contra a seca, sua principal predadora.
Segundo Waterhouse, com a descoberta, cientistas poderão investigar outros nichos ou ambientes de crescimento estéreis onde as plantas são protegidas de doenças. E o espaço é uma das opções.
— O filme recente, que mostra um astronauta em Marte plantado tomates enquanto vive em um habitat artificial, tem um pouco mais de ciência que as pessoas possam imaginar — disse Waterhouse. — E agora, cientistas sabem como transformar outras espécies no “rato pelado”. Então, da mesma forma que esses ratos são bons modelos para pesquisas em câncer, a versão “nua” das plantas pode acelerar pesquisas em agricultura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário